Insegurança e falta de transparência em torno do aeroporto da Pampulha

10/11/2017 às 19:47.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:38

Desde o início da discussão sobre a ampliação dos voos no Aeroporto da Pampulha me posicionei contrário à medida, por entender que a decisão, diferentemente do que afirmam os defensores da iniciativa, trará prejuízos para a economia de BH e de Minas. O processo que culminou na autorização da retomada de voos comerciais no terminal da Pampulha não é transparente, traz insegurança jurídica para investidores e mostra que as barganhas políticas estão se sobrepondo aos interesses da população.

Em maio, o Ministério da Aeronáutica publicou uma portaria e uma resolução proibindo a volta dos aviões de grande porte ao aeroporto urbano. Entretanto, em 25 de outubro, o Ministério dos Transportes autorizou os voos. Em cinco meses, o governo mudou seu posicionamento de modo radical. Atendendo a quais interesses? A quem essa mudança irá privilegiar?

Afirmo que Minas Gerais não será atendida. Com a transferência de voos de Confins para a Pampulha, o estado deixará de ser ponto de conexão global, com perdas para a nossa já combalida economia. O futuro de Minas como hub internacional não pode servir como instrumento de barganha política e o clientelismo não leva em conta as reais necessidades dos cidadãos e entes federados.

A decisão de liberar pousos e decolagens de grandes jatos na Pampulha já suscitou uma batalha jurídica. A BH Airport, concessionária do Aeroporto de Confins, protocolou mandado de segurança no Superior Tribunal de Justiça (STJ) pedindo a suspensão liminar da portaria do Ministério dos Transportes. Os moradores no entorno do aeroporto de BH anunciaram que farão o mesmo. A briga na Justiça está apenas no começo e isso é ruim.

Quanto aos argumentos que defendem a necessidade de BH ter dois aeroportos, uma vez que Rio e São Paulo contam com dois terminais, é preciso ver que em São Paulo a média é superior a 65 milhões de passageiros/ano e, no Rio, é de mais de 43 milhões de passageiros, enquanto Confins, em 2016, não chegou a 10 milhões de passageiros. Não há fluxo capaz de sustentar dois terminais na Região Metropolitana.

O que deve ser feito pelo poder público é ampliar a oferta de transporte até o Aeroporto Internacional de Confins e recuperar a Linha Verde, que precisa de obras urgentes. Confins é polo de desenvolvimento do Vetor Norte da Grande BH e atrairá investimentos para toda a região metropolitana. Voos comerciais da Pampulha, infelizmente, não são a solução. São parte do problema.

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