Por uma política cultural permanente e sustentável

10/04/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:04

A incipiente política cultural de Belo Horizonte sofreu uma grande perda com a renúncia do presidente da Fundação Municipal de Cultura (FMC), José Leônidas de Oliveira. De longe, o mais preparado e competente integrante do primeiro escalão da atual administração da capital, Leônidas sucumbiu ao drástico corte de recursos que pode inviabilizar a produção de cultura em nossa cidade, e às indevidas interferências externas em seu trabalho. Não lhe restou outra saída a não ser deixar o posto que tão bem ocupou.

Conversei longamente com o ex-presidente na véspera dele anunciar sua renúncia, e o que ouvi muito me entristeceu, pois mostra claramente a falta de valorização da Fundação Municipal de Cultura, o uso político da instituição e, o mais grave, a falta de sensibilidade para perceber a transformação que as atividades culturais de BH alcançaram sob a condução de Leônidas. Não há sequer um evento cultural de sucesso em nossa cidade do qual ele não tenha participado de maneira ativa e produtiva.

São muitos os exemplos da atuação fundamental do ex-presidente da FMC em benefício de Belo Horizonte: o reconhecimento do conjunto arquitetônico da Pampulha como patrimônio cultural da humanidade, o resgate da importância do Festival Internacional de Teatro Palco e Rua, a Virada Cultural, a interlocução com os grupos responsáveis pela produção artística e cultural da cidade, o incentivo à diversidade dessa produção. Todos esses cases de sucesso têm a marca da presença de José Leônidas, e é por isso que seu afastamento me deixou triste e muito me preocupou.

A PBH já anunciou que encaminhará à Câmara, ainda neste mês, o projeto de reforma administrativa. Entre as mudanças previstas está a criação da Secretaria Municipal de Cultura, reivindicação histórica dos representantes dos mais diversos segmentos culturais da cidade, e que tem meu total apoio. Entretanto, defenderei também a manutenção da FMC, pois entendo que a fundação e a futura secretaria terão funções complementares, não superpostas, e é importante a existência das duas.

Da mesma forma, considero fundamental que a futura secretaria e a FMC sejam preservadas dos interesses partidários e pessoais, pois nossa cidade necessita de parâmetros sustentáveis e permanentes de incentivo ao fazer cultural, pois não pode se tornar refém de negociações em troca de apoio político ou do atendimento de solicitações particulares. No meu entendimento, o momento é de mobilização em defesa de uma postura apartidária e universal do aparato cultural do município, para que as conquistas obtidas na gestão de Leônidas de Oliveira não sejam desfiguradas e para que sejam estabelecidos alicerces para o desenvolvimento perene da política cultural de BH, sem casuísmos.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por