Precisamos falar sobre nossos parques

03/04/2017 às 19:28.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:59

Há alguns dias, a informação de que o governo do Estado poderia repassar à Prefeitura de Belo Horizonte a administração do Parque da Mata da Baleia, na Região Leste da capital, mobilizou defensores da causa ambiental, em razão da importância ecológica da área verde. 

A ideia é unir o Parque da Baleia ao Parque das Mangabeiras, criando um corredor ecológico com cerca de 342 milhões de metros quadrados, fundamental para a reprodução e preservação de aves, mamíferos e répteis que habitam as duas áreas verdes. 

A notícia entusiasmou ambientalistas e oferece excelente oportunidade para que a situação das áreas verdes do município seja discutida com responsabilidade e argumentos realistas.

Em recente audiência na Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da Câmara Municipal de BH, o presidente da Fundação de Parques Municipais informou que nenhum dos 54 parques municipais abertos ao público tem plano de manejo. Ou seja, não há estudos de impacto sobre a destinação desses parques e o melhor uso que deve ser dado a eles.

O representante da PBH também reconheceu que não há recursos suficientes para a conservação dos parques, resultado de um déficit anual superior a R$ 10 milhões. Desta forma, a prefeitura não dispõe de dinheiro para investir em obras de recuperação dos parques, muitos dos quais estão em péssimas condições de manutenção, não oferecendo aos frequentadores segurança e conforto.

Diante do grave quadro que o presidente da Fundação de Parques Municipais apresentou, o debate sobre a condição das áreas verdes de BH deve ser tratado como prioridade e ampliado para a sociedade. Soluções restritas a gabinetes já foram usadas e não deram certo. 

A situação do Parque das Mangabeiras, cuja administração terceirizada levou a desvios no uso do espaço público, demonstra que a população deve obrigatoriamente ser ouvida para referendar as propostas de manutenção e uso das áreas verdes que pertencem à cidade.

O encaminhamento que me parece mais viável seria a criação de conselhos consultivos nas associações de bairros existentes no entorno dos parques, para que possam discutir, sugerir, fiscalizar e aprovar a utilização desses espaços em consonância com o interesse comunitário. A participação popular tem se mostrado um eficiente caminho democrático e nada melhor que esse canal atue para instrumentalizar ações sustentáveis de conservação de nossos parques.

Cabe à população se articular e cobrar dos legisladores e gestores públicos a disseminação desse debate, resguardando sua efetiva participação na implementação de uma política ambiental ampla, legítima e benéfica à cidade. Este é o caminho para assegurar um futuro ecologicamente viável a Belo Horizonte.

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