Poucos sabem, mas as pipas nasceram na China antiga por volta do ano 1.200 a. c. Foram criadas como dispositivo de sinalização militar. Os movimentos e as cores das pipas, na verdade, eram mensagens transmitidas à distância entre destacamentos militares.
Em Belo Horizonte soltar pipas ou papagaios é comum em nossa infância. As férias de julho e janeiro são aguardadas de forma ansiosa para se divertir e passar o tempo livre com parentes e amigos. Porém, a brincadeira ingênua de criança se transformou novamente em uma batalha dos ares. E quando isso começa a ameaçar pessoas, que já se encontram fartas de tantos acidentes com cerol e mortes no trânsito, algo necessita ser feito e soluções precisam ser pensadas.
Recentemente participei de audiência pública que tratou dos perigos relacionados ao cerol e linha chilena. Ouvimos várias narrativas de motoqueiros, guarda civil, polícia militar e outros envolvidos nesta temática que demonstravam a preocupação com a falta de fiscalização, punição e responsabilização daqueles que insistem em tornar algo lúdico num instrumento mortal ao inserir nas linhas material cortante.
Uma solução facilmente encontrada é a proibição e a punição exemplar. Mas, será a única? Será que não existe um meio em que todos possam vivenciar momentos de diversão e arte de forma responsável?
No sentido de buscar entender e encontrar soluções é que apresentei em abril o projeto de lei (271/2017) para criação dos Pipódromos. O objetivo é que o Poder Público incentive a prática consciente da atividade em local seguro e compatível, minimizando riscos e dando oportunidade de realização de grandes festivais, campeonatos e novas interações que o soltar pipas podem proporcionar. O projeto prevê a criação ou delimitação nas nove regionais da cidade de áreas seguras e apropriadas para a atividade.
O Estado tem papel primordial de agente normativo e regulamentador, devendo também fiscalizar e incentivar a prática desta atividade de forma segura. Soltar pipas é algo que faz parte do universo lúdico da infância de muitos, bem como de nossos filhos e de todos que amam esta atividade. Devemos evitar o ato de generalizar e marginalizar os “pipeiros”. Buscar a adequação, antes da punição e proibição total. Criar áreas especificas para esta pratica e aí, sim, punir os fora da lei, inclusive os menores e seus responsáveis e proibir radicalmente a prática fora das áreas criadas. Vamos incentivar a brincadeira e o lazer, a cultura da paz e a criatividade e criar espaços para a boa convivência e a prática da cidadania. #AcordaBH