Precisamos de Reformas

26/10/2017 às 14:59.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:24

Amanhã se comemora os 500 anos da Reforma Protestante. Em 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero fixou 95 teses na Porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, Alemanha. Esse fato foi um marco nesse movimento cristão que já acontecia há algum tempo. Belo Horizonte, reconhecendo a importância da data conta agora com a Lei 11.077/2017, de nossa Autoria, que define a data no calendário da cidade como Dia da Reforma Protestante. 

Historicamente, a Reforma teve um papel decisivo na redefinição da mentalidade do homem moderno e ocidental. No palco da história, o protestantismo fez mais do que promover uma ruptura da cristandade: exacerbou as noções de individualismo (reafirmou a autonomia do indivíduo frente à autoridade eclesiástica e às instituições religiosas) e concedeu especial importância à alfabetização. 

A Reforma é, sem dúvida, um evento histórico com reflexos para além do domínio religioso. Ela apresenta, no mínimo, uma interface com a Revolução Filosófica da Modernidade que se percebe a partir do século XVI em diante e, também, com alicerces da Ciência Política. 

Com o intuito de preservar sua autonomia e evitar a influência política da Igreja, muitos nobres alemães aderiram à Reforma, a qual ganhou força e expandiu-se pela Europa. É importante ressaltar que a ruptura provocada pela Reforma teve papel fundamental como propulsora da modernidade.

A Reforma contribuiu, em muitos aspectos importantes, para a formação da modernidade. Ao dividir a cristandade em católica e protestante, destruiu a unidade religiosa da Europa, principal característica da Idade Média, e enfraqueceu a Igreja, principal instituição da sociedade medieval. Fortalecendo o poder dos monarcas às expensas dos órgãos religiosos, a Reforma estimulou o crescimento do Estado moderno, secular e centralizado. Os governantes protestantes repudiaram totalmente a pretensão do papa à autoridade temporal e estenderam seu poder sobre os protestantes recém-estabelecidos em seus países. Nas terras católicas, a Igreja, enfraquecida, relutava em desafiar os monarcas, cujo apoio ela agora necessitava mais do que nunca. Essa subordinação da autoridade clerical ao trono permitiu que os reis construíssem Estados centralizados fortes, um atributo da vida política do Ocidente moderno.

Ao ressaltar a consciência individual, a Reforma pode ter contribuído para o desenvolvimento do espírito capitalista, que fundamenta a economia moderna. Assim argumentou o sociólogo alemão Max Weber em The Protestant Ethic and the Spirit of Capitalism (1904).

Para finalizar, podemos concluir que a Reforma Protestante é um dos maiores movimentos reformistas acontecidos em nossa história. Houve uma transformação nas artes, na economia, na política e no âmbito social. A análise do contexto histórico no qual a Reforma Protestante está inserida revela uma sociedade necessitada de mudanças em sua estrutura, em decorrência do surgimento de novas correntes de pensamento voltadas aos interesses capitalistas. Nessa perspectiva, a Reforma representa uma ruptura com o pensamento medieval para o advento da modernidade e do capitalismo nascente. Sola Scriptura; Solus Christus; Sola Gratia; Sola Fide; Soli Deo Gloria. 

Escrito com a colaboração do Professor Bernardo Augusto Ferreira Duarte

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