Civilização ou barbárie

14/02/2018 às 18:06.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:21

Saímos deste carnaval com vários sentimentos. De um lado, muitos admiramos o extraordinário enredo da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti. Como aconteceu durante o longo período da ditadura de 1964, mais uma vez vemos a arte e a cultura exercendo um papel ao mesmo tempo forte e sofisticado de resistência democrática e de defesa da civilização.

O desfile da Paraíso do Tuiuti foi um vento fresco e poderoso de defesa do processo civilizatório brasileiro e de denúncia do violento retrocesso que este vem sofrendo desde o Golpe de 2016. 

Para torná-lo ainda mais relevante, ocorreram ou foram tornados públicos, durante o carnaval, fatos a indicar a virulência do retrocesso.
O primeiro se refere à notícia de que houve um encontro de financistas com o deputado Jair Bolsonaro, no qual este foi entusiasticamente aplaudido pela plateia, ao propor como solução para os problemas de segurança da Comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro, cargas generalizadas de metralhadoras instaladas em helicópteros. 

Evidência mais forte impossível para dar respaldo empírico à tese exposta pela Tuiuti (o que só reforça sua força intelectual, já verificável pela bibliografia citada pelo carnavalesco) de que a elite econômica brasileira jamais abandonou sua mentalidade escravocrata. Mesmo que os membros dessa elite tenham títulos acadêmicos de Harvard, Chicago, LSE, INSEAD ou outras escolas de excelência acadêmica.

O segundo fato foi a grande quantidade de arrastões e outras manifestações de violência durante o carnaval do Rio de Janeiro. O estado de violência vivido pelos moradores do principal cartão postal do país está associado e é consequência do Golpe de 2016 denunciado pela Tuiuti. De um lado, revela o enfraquecimento da capacidade operacional do estado, resultante da concepção neoliberal da política - bem representada na figura do “Vampiro Neoliberalista” do desfile na apoteose, extraordinária sátira do atual ocupante do cargo de presidente da República -, de outro mostra o desespero de uma população sem meios para obter seu sustento.

Finalmente, já próximo ao final do carnaval, somos surpreendidos pela notícia de que o TSE decidiu permitir o autofinanciamento de campanhas eleitorais, ao derrubar a cláusula de barreira que havia sido aprovada pelo Congresso Nacional. 
Essa decisão foi, em muito, responsável pelo esfacelamento do sistema político nacional, resultante da fragmentação partidária. 

A nova Resolução do TSE também se opôs a uma decisão civilizatória do Congresso Nacional, que havia derrubado um veto da presidência (do “Vampiro Neoliberalista”). 

O judiciário impõe ao país a oficialização de um regime plutocrático e nos empurra para o precipício da barbárie!

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por