Fracasso Econômico do Liberalismo

08/11/2017 às 17:10.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:36

Na semana passada, falei sobre o fracasso político do liberalismo econômico. Esse fracasso político decorre, em muito, do próprio fracasso econômico do modelo liberal.

A história econômica dos países mostra que a transição para o padrão de elevado desenvolvimento sempre se dá quando a hegemonia das políticas públicas se distancia da proposta liberal. Isso se deu tanto em momentos longínquos quanto mais recentes.

No primeiro caso, é famoso o embate político entre Madison e Hamilton, dois fundadores dos EUA. O primeiro defendia políticas liberais de manutenção do status quo do país que era, naquele momento, totalmente agrário, ao passo que Hamilton propunha uma série de políticas ativas do estado – incluindo medidas protecionistas – buscando gerar um processo de industrialização. A vitória política de Hamilton fez com que, ao longo do século XIX, os EUA se consolidassem como uma potência industrial. Para se ter uma dimensão do impacto econômico das políticas ativas de industrialização de Hamilton, no início do século XIX o Brasil e os EUA tinham PIBs semelhantes, mas ao final do século os cenários eram totalmente diversos. Como o estado imperial brasileiro seguiu políticas que seriam mais próximas às propostas por Madison, de uma postura mais passiva do estado, o Brasil não conseguiu se industrializar durante aquele século. O resultado foi que, ao final do século XIX, o PIB dos EUA era 15 vezes maior do que o brasileiro.

O caso paradigmático mais recente é o dos chamados “Tigres Asiáticos”, em particular da Coréia do Sul, que, em apenas quatro décadas deixou de ser um país bastante pobre para se tornar uma potência industrial e tecnológica. Todos os estudos sobre o tema mostram que esse profundo processo de transformação econômica se deu a partir de políticas industriais ativas por parte do estado.

Em seu livro “O Estado Empreendedor”, a economista italiana Mariana Mazzucato, professora da Universidade de Londres, mostra que todas as grandes inovações tecnológicas recentes foram possíveis graças a políticas ativas por parte dos estados. Isso é ainda mais verdadeiro no caso brasileiro, um país no qual a classe empresarial tem forte caráter rentista e, portanto, um nível extremamente elevado de aversão ao risco.

O liberalismo econômico fracassa porque não consegue melhorar a vida da grande maioria das pessoas. Ele não gera crescimento econômico significativo e causa forte elevação da concentração de renda. O resultado é um elevado nível de desemprego ou de subemprego e o crescimento da desigualdade, bem como a eclosão de guerras, como ocorreu na primeira metade do século passado e, infelizmente, parece que irá ocorrer novamente, em um futuro bastante próximo.

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