A briga deve ficar fora da Usiminas, diz Bassetti

30/03/2017 às 20:46.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:57

O presidente do grupo ítalo-argentino da Ternium/Techint no Brasil, Paolo Bassetti, conversou ontem com a coluna sobre a disputa societária na Usiminas que se arrasta há dois anos e meio.

No último dia 23 (quarta-feira da semana passada), a Ternium ganhou um round na briga com a sócia japonesa Nippon Steel & Sumitomo pelo comando da siderúrgica. O Conselho de Administração da Usiminas destituiu o presidente Rômel Erwin de Souza, apoiado pelos japoneses, e reconduziu Sérgio Leite, com o voto dos representantes da Ternium e dos minoritários.

Bassetti defendeu a legalidade da destituição do presidente, motivada pela descoberta de um memorando de entendimento sobre compra de minério de ferro com fornecedores, assinado por Rômel sem conhecimento do Conselho de Administração. Os japoneses alegam que o documento não era um contrato, mas um acordo de intenções, o que desobrigaria sua apresentação ao Conselho. Não entrarei nos detalhes da argumentação jurídica, que cabe ser analisada pelo TJMG no processo pela recondução de Rômel que será movido pela Nippon. Por hora, fico com a análise de Bassetti dos reflexos da briga para a empresa. E coloco a coluna à disposição da direção da Nippon, caso também queira apresentar seus pontos de vista nesse espaço.

Para ele, os lados opostos não são mais Ternium e Nippon, mas Nippon e o Conselho

Bassetti assume que a briga é danosa para a Usiminas, que atualmente tenta sair da mais grave crise financeira de sua história. Segundo o executivo, o risco à sobrevivência ainda existe, apesar da melhora recente do ambiente de negócios e dos preços do aço. Mas ele diz temer que a Usiminas, pela descontinuidade constante de gestão, acabe perdendo foco estratégico e cedendo espaço para concorrentes. “A Usiminas corre o risco de diminuir enquanto as outras (siderúrgicas brasileiras) crescerão”, diz.

Para Bassetti, o divórcio entre os sócios controladores Ternium e Nippon é irreversível. Por isso ele defende trazer a briga para fora da empresa. Como fazer isso? “Ouvindo o Conselho de Administração”. Para ele, os lados opostos não são mais Ternium e Nippon, mas Nippon e o restante dos acionistas representados no Conselho de Administração.

Ele lembra que a destituição de Rômel e o retorno de Sérgio Leite à presidência executiva foi aprovada por sete votos contra quatro, sendo que apenas um conselheiro independente acompanhou o voto dos três representantes da Nippon. “Isso mostra que Rômel perdeu a confiança do Conselho”.

Sobre a sempre aventada possibilidade de divisão de ativos como solução para o conflito, Bassetti foi categórico na resposta: “Não vamos dividir a Usiminas. Essa não é uma possibilidade”, disse, defendendo a complementariedade entre as usinas de Cubatão, próxima do mar e qualificada para exportação, e Ipatinga, próxima do minério e com infraestrutura logística para atendimento do mercado interno.

Sobre a recente compra da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), no Rio de Janeiro, por US$ 1,5 bilhão, Bassetti diz que o negócio não ameaça a permanência da Ternium na Usiminas. Pelo contrário, apenas reforçaria o compromisso assumido pela Ternium com seus ativos no Brasil.

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