A Nippon e a defesa de Rômel

10/04/2017 às 13:30.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:04

No último dia do mês passado, publiquei coluna com o ponto de vista do grupo ítalo-argentino Ternium/Techint sobre a briga com seu sócio no controle da Usiminas, o conglomerado japonês Nippon Steel & Sumitomo Metal. Na pauta, a destituição do ex-presidente da siderúrgica de Ipatinga, Rômel Erwin de Souza, apoiado pelos japoneses, e a recondução de Sérgio Leite, apoiado pelos italianos. O texto foi o resultado da conversa que tive com Paolo Bassetti, presidente da Techint no Brasil, e que pode ser lido no portal do Hoje em Dia, clicando em colunas. Na ocasião, deixei claro que, democraticamente, o espaço também estava aberto à manifestação da Nippon.
 
Pois bem. Na última sexta também tive uma proveitosa conversa com o presidente da Nippon no Brasil, Hironobu Nose, interessado em reforçar os pontos de vistas dos japoneses em contraposição aos da Techint. A Nippon, na semana passada, já havia publicado comunicado publicitário nos principais jornais do país, incluindo este Hoje em Dia, defendendo os avanços da gestão de Rômel e a ilegalidade da sua destituição. Na conversa com Nose, aprofundamos os pontos tratados. Vamos, então, a um extrato do que conversamos.

Avanços
Contra as críticas à gestão do presidente destituído, Nose defende que foi na gestão de Rômel que foram estruturados os quatro pilares da reordenação da Usiminas. Como se sabe, a siderúrgica mineira atravessa atualmente a mais grave crise financieira de sua história. E, conforme lembra Nose, foi Rômel o responsável pela readequação da capacidade produtiva da siderúrgia (o desligamento dos altos-fornos e das aciarias da unidade de Cubatão, uma medida amarga, que desempregou uma leva de trabalhadores, mas importante para ajustar a produção à queda na demanda por aço); o aumento de capital em R$ 1 bilhão (a chamada de capital aos sócios, que salvou a siderúrgica de uma falência iminente por falta de caixa); a renegociação da dívida com os bancos (o alongamento do perfil da dívida de mais de R$ 7 bilhões com os bancos brasileiros e japoneses, que proporcionou três anos de carência para amortização do principal e juros mais baixos); e a redução de capital na Mineração Usiminas - Musa (que injetou R$ 700 milhões no caixa da Usiminas, ao final de uma dura negociação com outro sócio japonês, a Sumitomo).

Destituição
A Nippon defende que a destituição de Romel foi ilegal e contraria à Lei das Sociedades Anônimas ao acordo de acionistas. O ex-presidente foi destituído no mês passado pelo Conselho de Administração da Usiminas, por sete votos a quatro, por quebra de confiança por ter assinar, no ano passado, um memorando de intenções de compra de minério de ferro com a Musa, sem o conhecimento dos conselheiros ou de outros diretores executivos. Sobre este ponto, afirma Nose que o “memorando não é pré-contrato, muito menos contrato. É um memorando que não traz obrigações para a Usiminas, e isso está claro e explícito no documento firmado”.

Estabilidade
Perguntei a Nose até que ponto a troca de comando e a descontinuidade na direção da Usiminas afeta a empresa, e se haveria alguma perspectiva para o fim da novela. Nose disse que a primeira destituição de Rômel, em março do ano passado, revertida na Justiça quatro meses depois, está sendo repetida agora “e tão ilegal quanto”. “Essa é uma atitude que não podemos aceitar”. Sobre a fragilidade financeira e a descontinuidade de gestão na Usiminas, diz ele que “a Usiminas está ultrapassando um fase de extrema dificuldade, mas irá apresentar lucro. É preciso entender o momento que Usiminas está de fato. Essa questão de querer trocar o comando da empresa, usando artifícios ilegais, quem está fazendo isso é a Ternium”. É este, portanto, o ponto de vista dos japoneses da Nippon.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por