O país quebrará se a dívida seguir no ritmo atual

30/03/2017 às 20:44.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:57

Não é alarmismo. As finanças nacionais estão se deteriorando em velocidade alucinante e o país quebrará se nada for feito na política econômica.
Os dados da dívida pública de fevereiro, divulgados ontem pelo Tesouro Nacional, dão a dimensão do problema. Sigam o raciocínio.

Em janeiro, a dívida ultrapassou pela primeira vez a casa dos três trilhões, atingindo R$ 3,053 trilhões. Um mês depois, em fevereiro, que tem apenas 28 dias, foi a R$ 3,134 trilhões, aumento de 2,66%, com a incorporação de novos R$ 81 bilhões ao estoque.

Se seguirmos nesse ritmo, de aumento médio mensal da dívida de 2,66%, o estoque da dívida aumentará 37% em 12 meses, 87,8% em dois anos, e 252,6% em três anos. Bastarão apenas 26 meses para que o estoque da dívida alcance o PIB registrado no ano passado, de R$ 6,266 trilhões.

Tamanho
Ter uma dívida do tamanho do PIB não é problema para países como Estados Unidos e Japão, que há muito ultrapa[/TXT_COL]ssaram essa barreira. Mas é um problema gigantesco para as economias emergentes, que pagam juros altíssimos para rolagem de suas dívidas. E, ainda maior para o Brasil, que insiste injustificadamente em pagar o maior juro real do mundo aos compradores de seus papéis.

O problema é que o governo Temer é contra dinheiro circulando

A previsão do Plano Anual de Financiamento é que a Dívida Pública Federal encerre este ano entre R$ 3,45 trilhões e R$ 3,65 trilhões. No ritmo atual, faltando ainda 10 meses para o fim do ano, a dívida encerrará 2017 muito acima desse teto, em R$ 4,075 trilhões. O teto de R$ 3,65 trilhões será estourado já em agosto, ou seja, daqui a apenas seis meses.

Rolagem
Volto a alertar. Nesse ritmo, muito em breve o tesouro não terá mais espaço para rolar sua dívida. Os investidores duvidarão da capacidade do governo de honrar seus compromissos e fugirão dos títulos públicos. E, sem credibilidade, o país quebrará.

Não existe como administrar o somatório de déficit gigantesco, juros nas alturas, dívida explosiva e economia em recessão. Alguma coisa precisa ser feita agora, e essa coisa passa necessariamente pela retomada da economia. O crescimento da dívida deixa de ser um problema quando acompanhado no mesmo ritmo pelo crescimento da economia e da arrecadação.

PerguntasVamos a algumas perguntas que gostaria de fazer ao ministro da Fazenda. Se a inflação está sob controle, mirando abaixo da meta para o projetado em 12 meses, porque seguimos pagando os maiores juros do mundo? Se estamos em recessão, porque o governo não abre torneiras de liquidez? Se a arrecadação está caindo mais do que o governo consegue economizar, porque não se abandona de vez o tal ajuste fiscal?

Não se deixem enganar. Não são as reformas que salvarão a economia. As reformas terão impacto zero na economia no curto prazo. O que fará a roda voltar a girar é financiamento e investimento, é dinheiro que se injete na economia e que volte a circular. O problema é que o governo Temer é contra dinheiro circulando. Então, ou sai Temer ou quebramos todos.

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