O presidente ilegítimo e o caos econômico

01/03/2017 às 19:27.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:46

A questão não é só a ilegitimidade de Michel Temer. Embora a política seja o ponto principal, não podemos esquecer da economia, já que a tese das ‘Diretas Já’ precisa vingar antes que o país quebre.

O presidente ocupa o posto por obra de um golpe, está comprovadamente envolvido com pedido e recebimento de propina, montou um governo de gângsteres e atua abertamente no sentido de desmontar a Lava Jato. Só isso já seria suficiente para seu afastamento e convocação de novas eleições. Mas temos também a mediocridade do ministro da Fazenda Henrique Meirelles e a obtusidade da equipe econômica, que estão levando o país à bancarrota.

É mentira quando dizem que a economia está voltando aos trilhos e que a retomada do crescimento se aproxima. Não existe sinal de reversão da recessão e, pior, nenhuma iniciativa que justifique a expectativa do fim da crise.
O PIB continua caindo, o desemprego, aumentando, os investimentos inexistem e o rombo nas contas públicas permanece gigantesco. O superávit primário de janeiro se deu por fatores não recorrentes e já em fevereiro o resultado do tesouro voltará ao vermelho.

Se o “Fora Temer” gritado no Carnaval voltar com força, então restará alguma esperança

Os juros continuam nas alturas e o crédito é uma miragem. Sem consumo, milhares de empresas estão fechando as portas, fazendo girar a roda da recessão. Somente os bancos, como sempre, se refestelam no caos econômico.

As federações de indústrias, que deveriam exigir veementemente uma mudança de curso na condução da economia, se calaram por vergonha de terem urdido o golpe e aplaudido entusiasticamente a indicação da dupla Henrique Meirelles (Fazenda) e Ilan Goldfajn (Banco Central). Mas, mesmo em silêncio, já entenderam que Temer e seu “dream team” econômico estão empurrando o país para uma crise sistêmica sem precedentes.

Enquanto os empresários se calam, os políticos caem na ‘suruba’ de Jucá. O pacto em Brasília é apoiar irrestritamente o governo que trabalha para ‘estancar a sangria’ da Lava Jato. Para eles, a economia é detalhe.

Dessa forma, resta apenas as ruas para fazer o presidente balançar. Se o “Fora Temer” gritado no Carnaval voltar com força no próximo dia 15, dia de manifestação nacional contra a reforma da Previdência convocada pela Frente Brasil Popular, então restará alguma esperança.

China
E sob o nosso ângulo de visão, do fundo do poço, chega a ser desmoralizante o Plano Quinquenal para a economia divulgado recentemente pelo governo chinês. O país que mais cresce no mundo, que tem nas estatais o motor de sua economia e que investe pesadamente em infraestrutura deveria ser um exemplo, mas, com Temer e Meirelles, insistimos em fazer tudo ao contrário.

Intitulado “13º plano de cinco anos – transformação e integração da China com a economia mundial”, o documento aponta sete prioridades para o país: o desenvolvimento de uma estrutura econômica inovadora e a aceleração do aprimoramento industrial; a promoção da transformação industrial; o estabelecimento de um novo modelo de desenvolvimento coordenado; o avanço do desenvolvimento verde e o posicionamento do tema “ecologia”; o desenvolvimento de uma sociedade mais inclusiva e o aprimoramento da qualidade de vida; o aumento da transparência e da integração global; e o aprofundamento das reformas orientadas ao mercado por meio da implementação de reformas institucionais progressivas.

No momento em que no Brasil se abre mão da indústria, se retira direitos dos trabalhadores e se defende as privatizações, a China segue o caminho oposto. Uma economia cresce enquanto a outra desaba. Com quem vocês acham que está a razão?

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