Aprender é distinguir e não generalizar

22/04/2017 às 16:41.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:14

Com as facilidades da vida moderna, e com tanta informação ser processada, muitos alunos buscam a generalização, irmã gêmea da lei do menor esforço. Para simplificar a compreensão do mundo ao redor, partem de um fato para julgar todas as hipóteses semelhantes. Um exemplo no meio policial: toda a instituição costuma ser socialmente condenada pela conduta de apenas um de seus integrantes.

Esse caminho do específico para o geral é inútil na produção de conhecimento. No entanto, pessoas dos mais variados graus de instrução insistem em pensar com esse esquema. Daí surgem discursos pretensiosamente intelectuais propondo a solução de todos os problemas do mundo, quase sempre apontando para a conduta alheia.

Tomemos como exemplo o fato de uma criança pedir esmola. As palavras eloquentes começam próximo à cena e vão se distanciando cada vez mais: “Mas onde está o Conselho Tutelar que não toma nenhuma atitude?”. Em seguida, as soluções geniais encontram a expressão “se”: “Se eu fosse vereador, exigiria uma atitude do prefeito”. “Se eu fosse prefeito, isso não estaria assim”. Mais um pouco de reflexão pseudointelectual e a solução encontra palco nos palácios e nos registros históricos: “Se eu fosse presidente da República, faria um programa de planejamento familiar”. “Mas também nossa herança de colonização só poderia dar nisso mesmo”.

Depois desses discursos, o problema da criança pedindo esmola foi compreendido adequadamente? Foi efetivada uma solução? Claro que não. Então, em vez de tentar compreender os fatos pela generalização, tente o caminho inverso, do geral pelo específico. Essa é a trajetória de uma boa aula: o professor apresenta os conceitos, comenta as generalidades sobre o tema e, somente depois, apresenta os casos específicos. Desse modo, oportuniza ao aluno fazer distinções entre vários casos de um mesmo conjunto de fenômenos.

Assim, em vez de tentar compreender os fatos num esquema do específico para o geral, faça ao caminho contrário, o que te levará à distinção das hipóteses semelhantes. É assim que se aprende e se constrói um sólido conhecimento.

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