Biografia de concurseiro

22/04/2017 às 16:56.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:14

Com as recentes declarações de artistas contrários às biografias, os escritores bradaram pela liberdade de pensamento. De fato, o limite de tal liberdade não é a vontade do biografado e sim a honra alheia. Por outro lado, as biografias expõem o direito de imagem, que tem dimensão econômica. Para medi-la, o critério deve ser a negociação entre as partes, sem prejuízo de ação judicial quando não houver acordo.

Desse modo, sugiro aos biógrafos que escrevam sobre os concurseiros. Um bom nome é o Professor William Douglas, juiz federal em Niteroi/RJ, autor de “best seller” sobre concursos. Assim como ele, a história dos concurseiros de sucesso descreve um (ou uma) jovem que ousou sonhar. Não contente em apenas sonhar, criou dentro de si o firme propósito de triunfar. Sacrificou horas de sono, privou-se de vários passeios e de algumas horas diárias de TV e INTERNET. O resultado todos nós sabemos.

O leitor acha que os sacrifícios dele (ou dela) resultaram em renúncia aos prazeres da vida? Não, pois prazer e sacrifício estão de tal modo ligados que, se possível fosse suprimir um, o outro também desapareceria. Afinal, não é um sacrifício as madrugadas em jogos de cartas ou outros vícios? Claro que é. Mas os viciados insistem nessas condutas porque lhes dão prazer.

Agora a boa notícia: tudo que nos dá prazer é antecedido de treino. Ninguém se torna jogador compulsivo porque participou de um bingo beneficente. Mas insista em jogar durante três meses para ver o que acontece. Ninguém gosta de estudar porque assim agiu faltando duas semanas para a prova. O detalhe é que os vícios são assimilados como prazerosos mais rapidamente que as virtudes. Então, quanto aos estudos, é preciso persistir um pouco mais.

E agora outra notícia: os viciados costumam renunciar às relações de afeto. Já quem se prepara para um concurso, embora renuncie a alguns entretenimentos e passeios, costuma aprimorar suas relações afetivas. É por isso que nós, concurseiros, temos histórias para contar. Insisto, pois, na sugestão aos biógrafos: Contem nossas histórias. Comecem pela do Professor William Douglas.

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