Concurseiro ou concursando?

22/04/2017 às 18:22.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:14

Como devemos designar os milhões de estudantes que se preparam para a guerra dos concursos? O Professor Granjeiro, dono de uma escola preparatória em Brasília, defende a tese de que seus alunos são “concursandos”. Com isto ele quer se referir a uma situação passageira, em oposição a quem tenta reiteradamente a aprovação.

De fato, o sufixo “eiro” indica a constância de uma atividade: engenheiro, padeiro, jardineiro, etc. E ninguém designa um estudante que se prepara para o vestibular como “vestibuleiro”. Mesmo assim, encontramos alunos que optam por determinada faculdade e tentam várias vezes até passar. É o caso, por exemplo, dos alunos de origem pobre, que se empenham para ingressar numa universidade pública, pois não têm a opção de pagar uma particular.

Do mesmo modo, encontramos, entre os milhões de candidatos aos cargos públicos, alunos que dedicam décadas de estudos para aprovação em vários concursos, fazendo disso um meio de ascensão social. Isto é particularmente verdadeiro para os que não concluíram os graus de instrução no tempo apropriado. Assim, por volta de 20 anos, almejam e conseguem aprovação num concurso para o qual se exige o ensino fundamental. Prosseguindo na guerra dos concursos, conquistam, por volta de 25 anos, um cargo de ensino médio. E depois chegam a um cargo de nível superior, o que ocorre depois dos 40 ou 50 anos idade. Essa é a honrosa trajetória de muitos juízes, delegados, promotores, etc.

Por dificuldades de toda ordem, somente concluí o ensino médio aos 25 anos. Aos 26 eu era “vestibulando”. Um ano depois, iniciei o curso de Direito na UFMG. Bem, Deus me livre se, perto dos trinta anos, eu tivesse de repetir reiteradamente a preparação para o vestibular, tornando-me um “vestibuleiro”. Mas “concurseiro” sim, porque não? Afinal, dos 15 concursos em que passei, o primeiro foi aos 21 anos, quando eu ainda tinha apenas o ensino fundamental.

Assim, se você almeja ascensão social por meio dos concursos, não se limite a estudar durante algumas semanas. Seja um “concursando”. Mas, se necessário, seja um “concurseiro”. Eu lhe garanto: o resultado será seu triunfo.

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