Concurso de índio

22/04/2017 às 17:56.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:14

Desde 19 de abril de 1943, por força do decreto 5540, comemoramos o Dia do Índio. A data é uma referência à abertura do primeiro congresso indigenista interamericano, realizado três anos antes no México. Nos primeiros dias do encontro, os líderes indígenas, embora convidados, não compareceram, com receio do que lhes podia acontecer. Isso era compreensível, considerando as emboscadas, traições, doenças e massacres a que foram submetidos durante séculos.

Apesar das condições em que vive a maioria dos índios, basta que eles tenham oportunidades para se destacarem. Um bom exemplo é o índio Poti, que depois de aculturado adotou o nome de Antônio Filipe Camarão (nascido em data incerta e falecido em 1648). De trato comedido e afeito à pontualidade, não tardou em dominar perfeitamente o Português, vindo a ser um exímio orador. Durante a ocupação holandesa, tornou-se uma grande liderança militar, cravando orgulhosamente o seu nome na historiografia do nosso Exército. Em 2012, seu nome foi inscrito no Livro de Heróis, depositado no Panteão da Pátria, em Brasília.

Na minha atividade policial, contactei tribos cujos integrantes dificilmente terão uma oportunidade de progresso. Os motivos não são muito distintos em relação a qualquer outra pessoa: indolência, alcoolismo, violência, opressão, etc. Mas também conheci índios e índias que, tendo oportunidade de frequentar uma escola, superaram o contexto social em que viviam, conquistaram uma profissão, tornaram-se universitários e, em muitos casos, passaram num concurso público.

Para que possam progredir, tudo de que eles precisam são os mesmos fatores necessários a qualquer outra pessoa: interesse e oportunidade. E os concursos são um excelente instrumento para tais fins. Para os índios que, superando as condições em que viviam, formaram-se em Medicina, Engenharia, Direito, Comunicação Social, etc, um concurso não é apenas para ocupar os cargos dessas formações. É, antes de tudo, uma oportunidade igual para todos. É por isso que um concurso não deve ser apenas para determinada profissão, tampouco preterir uma etnia. Deve ser, também, concurso de índio.

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