Concurso de parar o trânsito

22/04/2017 às 20:29.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:15

O trânsito de Belo Horizonte, que já caótico, parou no último domingo. O motivo: uma multidão de candidatos que compareceu aos locais de prova do concurso do Tribunal Regional do Trabalho.

Fatos semelhantes ocorrem em tempos de crise econômica. Afinal, o primeiro e mais perverso efeito de uma crise é o desemprego. É aí que as pessoas dão mais valor à estabilidade do serviço público.

Mas, para quem quer ser funcionário público, fenômenos como o ocorrido no último domingo podem produzir um efeito devastador. O número de candidatos assusta, as questões difíceis emperram o raciocínio, a divulgação dos gabaritos surpreende negativamente, a lista de aprovados... a lista de aprovados... bem, a lista de aprovados - claro - contempla uma minoria.

Todo este contexto leva ao perigo de se conjugar o verbo “desistir”. Além do motorista, que tende a desistir de enfrentar o trânsito, o candidato que sonha com um cargo público desiste só de ver aquela multidão que tem o mesmo sonho. Durante a prova, desiste de ler novamente os textos e acaba errando questões fáceis. Com a divulgação do gabarito, nem sequer cogita da possibilidade de equívoco da comissão organizadora em relação a duas ou três questões, o que é relativamente comum. A “ducha fria” vem com a lista de aprovados.

Quando algum amigo - amigo mesmo - pergunta se você retomará os estudos para a próxima batalha, a resposta faz morada na tristeza: “Esse negócio de concurso não é pra mim”. Enquanto responde, surgem na sua lembrança aquelas imagens do trânsito caótico, da prova com questões que pareciam ininteligíveis, do gabarito, da “sentença” na lista de aprovados...

Em momentos de crise, como o que estamos passando, temos de redobrar nossos esforços. Afinal, a sabedoria chinesa ensina que as melhores oportunidades surgem nas crises. Neste sentido, considere seus estudos como o melhor meio para alcançar sucesso, seja no setor público ou no setor privado.

Então, encare os estudos como um trabalho, cujos frutos serão colhidos vários anos após. Mas não considere nem o trabalho e nem os estudos como atividades necessariamente penosas ou sacrificantes. Elas podem - e devem - ser prazerosas.

E, no dia da prova, não se assuste com aquela multidão de candidatos. Muitos deles são apenas candidatos mesmo. São muitos os que sonham, mas não se esforçam para transformar os sonhos em realidade.

Estima-se que apenas três por cento dos candidatos alcançam, pela preparação e pelo propósito de vencer, o “status” de concorrente. Então, da próxima vez que as ruas estiverem intransitáveis por causa de um concurso, multiplique o número de candidatos por três centésimos. E aí você encontrará a quantidade de pessoas que realmente têm chances de aprovação.

Enfim, leitor, para deixar de ser apenas candidato e virar concorrente, tenha bons estudos. E não desista diante da primeira dificuldade.

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