Concurso e serviço de espionagem

22/04/2017 às 15:53.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:14

Nos últimos dias, fomos surpreendidos com o que todos já desconfiavam: na luta contra o terrorismo, e em prol da segurança, o governo dos Estados Unidos monitora milhões de telefonemas e “emails”. Trata-se de um eficiente serviço de espionagem. Guardadas as devidas proporções, os “concurseiros” devem ter um serviço equivalente.

Não me refiro a ouvir telefonema de ninguém, tampouco ler mensagens alheias ou qualquer tipo de fraude para se descobrir a resposta de uma questão. Refiro-me aos dados que estão legitimamente disponíveis aos candidatos em geral.

A primeira fonte desses dados é o programa do concurso. É inacreditável que haja um alto número de candidatos que sequer folheiam o programa. Ele dá uma indicação clara do que será perguntado na prova. A segunda fonte, também muito desprezada, são as provas anteriores. Muitas questões se assemelham ao que já foi perguntado noutros certames. Considerando o concurso para o qual você se inscreveu, pesquise, pelo menos, as duas provas anteriores para o mesmo cargo. Outra fonte importante: a tendência da entidade organizadora do concurso. Os conteúdos explorados por uma instituição podem ser diferentes de outra. Todas essas fontes dão pistas do que será pedido na prova. E a consulta é legítima.

A propósito, é assim mesmo que funciona um bom serviço de espionagem: lida com documentos secretos, mas não pode desprezar os que estão disponíveis a todos. Ao contrário do que vemos em filmes hollywoodianos, um bom espião não é o que descobre dados sigilosos. Um bom espião é o que também pesquisa as informações de domínio público, analisando-as no contexto político, histórico, etc. Do mesmo modo, um bom “concurseiro” deve espionar todos os dados disponíveis, analisando-os no contexto do que poderá ser pedido na prova.

Veja uma estória que ilustra isso: ao final da Guerra Fria, os principais espiões se reuniram. Intrigados com um soviético que sempre obtinha as mais valiosas informações, perguntaram-lhe: “Agora pode abrir o jogo. A Guerra Fria acabou. Como você conseguia tanta informação?”. E eis a resposta: “Eu leio jornais”.

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