O futebol é um esporte em que a equipe vencedora nem sempre é a mais forte, e sim a mais empenhada. É uma autêntica luta entre Davi e Golias. É por isso que se transformou no esporte mais popular do mundo, pois a possibilidade de vitória do mais fraco é algo que encanta e que, em geral, não se vê noutros esportes.
O mesmo ocorre nos concursos. A maioria dos aprovados é de inteligência média, deixando para trás os gênios, tal como um atacante miudinho driblando um zagueiro grandalhão. E porque os mais inteligentes têm essa dificuldade?
A resposta está em algumas posturas, que podem até ser úteis para o crescimento pessoal, mas inúteis para triunfar num concurso. Refiro-me aos estudos sem objetividade, sem regularidade e com desprezo aos conteúdos fáceis.
O gênio não se preocupa em saber se o tema estudado está no programa do concurso. Ele inicia seus estudos sobre o homicídio e, sem resistir à divagação, começa a pesquisar o tema entre os antigos romanos. Duas horas depois, é capaz de escreve uma tese de Direito Romano. Mas não terá aprendido nada que está no programa.
Sobre a regularidade, o maior equívoco é a postura de apenas estudar quando tem vontade, perdendo assim o ritmo no aprendizado. Superestimando sua capacidade, o candidato genial acaba preterindo os estudos.
Quanto aos conteúdos fáceis, são uma armadilha. Suponha que o estudante evite a divagação. Então, lendo o programa, começa a julgar os itens: “Isso eu sei”. Diante da página seguinte, “isso eu também sei”. Na outra página, “isso é muito fácil”. E, de fácil em fácil, ele se depara com um item difícil. Então começa a estudar por ali, crendo que a questão difícil é que irá garantir aprovação. No dia da prova, vem aquele gosto amargo diante de muitas questões: “Eu sei isso aqui, mas não consigo me lembrar”.
Alguns dias após, a lista de aprovados ostenta o nome daquele vizinho, em cuja capacidade ninguém acreditava, tal como um Davi contra Golias. E o gênio? Bem, está procurando seu nome na lista até hoje, assim como o zagueiro grandalhão ainda procura por onde o atacante miudinho passou com a bola.