Concurso: o pai da igualdade

22/04/2017 às 16:12.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:14

No próximo Domingo, a presentear seu pai, aproveite para perguntar-lhe como eram os concursos há umas três décadas. Talvez ele se lembre que, naquela época, os salários não eram bons e a motivação de muitos candidatos não era fazer carreira, mas apenas arrumar um emprego. Caso seu pai conheça Brasília, talvez diga que lá existem escolas que recebem pré-adolescentes, os quais fazem o ensino médio enquanto se preparam para concursos. Imagina como eles chegam “afiados” aos dezoito anos.

Essa disputa acirrada pode levar muitos candidatos ao pensamento equivocado de que os concursos tornaram-se desiguais, pois os mais ricos teriam mais chances de passar. Mas não é isso que a realidade vem demonstrando. Tenho vários alunos que vieram dos aglomerados da periferia e cravaram o nome em várias listas de aprovados.

É claro que uma boa condição econômica é uma vantagem. Mas o que é decisivo mesmo é o firme propósito de vencer, o que não é privilégio de ninguém, seja quem for o seu pai, seja qual for a sua origem, etnia, gênero, idade ou posição social. Depende apenas de você deixá-lo existir na sua mente, nas suas atitudes e na sua preparação. E muitos candidatos de origem pobre desenvolvem esse firme propósito de vencer.

Na maioria dos países, a instituição dos concursos é o que mais reflete o ideário da Revolução Francesa, cujo clamor de “égalité, fraternité et liberté”, substituiu o critério de nascimento pelo mérito para ocupação das funções públicas. No Brasil, com todos os nossos problemas sociais, podemos nos orgulhar desse ideal republicano. As fraudes em concursos são raras e, quando descobertas, são apuradas com rigor.

E a melhor notícia: os pobres passam num percentual equivalente aos mais abastados. Tanto é verdade que todos nós temos algum parente, vizinho ou amigo que, mesmo sendo filho de pai pobre, passou numa prova de alto nível. É por isso que concurso público é o melhor meio de ascensão social. Como modelo de Estado, concurso é filho da liberdade; como principio ético, é irmão da fraternidade; e como valor de justiça, concurso é pai da igualdade.

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