Concurso: paraíso ou guerra?

22/04/2017 às 17:10.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:14

Semana passada, fiz palestra em Santos e na Capital de São Paulo. O tempo estava chuvoso, mas os auditórios lotaram. Ao final de cada evento, as filas dobraram a esquina para eu autografar os exemplares do meu livro sobre técnicas de estudos.

O entusiasmo daqueles alunos me fez pensar nos doze milhões de pessoas que se preparam para concurso no Brasil. Isso é uma estatística de guerra. Portanto quem entra num concurso entra numa guerra, na qual nascem e morrem sonhos.

Os sonhos que nascem não são das pessoas que passam, pois nesse grupo estão os sonhos que viraram realidade. Os sonhos que morrem são os de quem desistiu diante do primeiro fracasso. E com tanta gente sonhando com a aprovação, surgiu um mercado de vendedores de sonhos, que levam muitos a comprar pesadelos.

É o caso de escolas preparatórias sem nenhuma estrutura nem seriedade. Mesmo assim, conseguem causar uma boa impressão aos incautos. Esses vendedores de sonhos costumam prometer, por exemplo, ensinar todo o programa do concurso em poucas semanas. Como vivemos num mundo em que se busca resultados imediatos, muitos candidatos acreditam em promessas como essa. Às vésperas da prova descobrirão que, em vez de sonho, compraram pesadelo.

Também existe o pesadelo com aparência de sonho. Nesse grupo estão as pessoas que sonham... sonham, apenas sonham. Mas nunca se empenham para transformar os sonhos em realidade. Chegam a se inscrever numa escola preparatória, chegam a comprar as melhores apostilas. Porém, depois de esparramá-las sobre a mesa para impressionar alguém, passam a acreditar que a aprovação está garantida.

Para ser bem sucedido nessa guerra, o candidato não deve apenas se equipar com apostilas e pagar as mensalidades da escola preparatória. O preço a pagar é outro: a disciplina, a renúncia e o empenho de um soldado. Somente assim vai se transformar num concorrente que pode até fracassar, mas não desistirá da próxima batalha.

É por isso que, nas palestras que fiz, os diretores das escolas destacaram a frase que eu disse aos alunos: “Não vim prometer o paraíso; vim chamá-los para a guerra”.

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