Concurso para trabalhador

22/04/2017 às 20:08.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:14

No dia 03 de maio de 2014, há exatamente um ano, escrevi neste espaço do Hoje em Dia o artigo “trabalhadores somos todos nós”. Relembrei o 1º de maio de 1886 em Chicago/EUA, quando milhares de pessoas saíram às ruas por melhores condições de trabalho. O resultado foi a morte de vários trabalhadores, inclusive 7 policiais.

Passados 129 anos, as condições de trabalho mudaram muito no Brasil: abolimos a escravatura em 1888, instituímos o salário mínimo em 1940, consolidamos outros direitos trabalhistas em 1º de maio de 1943. Passamos, em poucas décadas, de um país rural para um país urbano. A constituição de 1988, em seu artigo 6º, estabeleceu que o trabalho é um dos direitos sociais.

A partir desse breve histórico, surgiu a necessidade de se profissionalizar a classe de funcionários públicos. Juntamente com essa nova realidade, surgiram as novas tecnologias de controle da atividade laboral. O funcionário público que não queria trabalhar assemelhou-se a uma arara azul: entrou em processo de extinção.

Uma dos fatores que vem contribuindo com a abertura de tantos concursos é o fato de haver muitos desligamentos funcionais, seja a pedido do servidor, seja por falta de dedicação à causa pública. O tempo do concurseiro que buscava “encostar-se” na garantia de estabilidade já passou. Nos dias de hoje, quem pretende ser funcionário público há de ter a consciência de que será, antes de tudo, um trabalhador.

Nesse ponto, volto ao inicio deste texto em que relembrei os movimentos sociais, cujo resultado foi a morte de vários trabalhadores, inclusive 7 policiais. Convém destacar a expressão “inclusive 7 policiais”. É que, embora às vezes passe despercebido, policial é trabalhador.

Nem o fato de eventualmente defender uma causa que não é sua não tira do policial a condição de trabalhador. Mas, considerando os episódios de 1886 em Chicago/EUA, considerando outros eventos, tais como a recente repressão aos professores no Paraná, a escolha de um concurso requer reflexão sobre o papel social de determinados servidores. Assim, caso o perfil profissional não esteja adequado às suas habilidades, competências e princípios filosóficos ou religiosos, escolha outra carreira.

Não ouso julgar os professores e nem os policiais envolvidos neste lamentável incidente. Não julgo os policiais que cumpriram as ordens de repressão em nem os que se recusaram a cumpri-las. A justiça dos homens talvez nunca faça um julgamento justo. Mas a justiça Divina, que cedo ou tarde se manifesta com o tempo, esta será infalível.

Feita essa reflexão sobre o papel social do cargo pretendido, você pode escolher entre dezenas de concursos, observando os requisitos para ocupar o cargo. Mas, seja qual for sua escolha, o seu concurso é, antes de tudo, concurso para trabalhador.

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