Confidências de concurseiros

22/04/2017 às 18:42.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:14

No último sábado, publiquei neste espaço do Hoje em Dia o artigo “sorrisos e olhares do pai”. Não foi apenas uma homenagem aos pais. Também foi uma homenagem a um aluno que me confiara suas confidências. O texto, no estilo de crônica, fez tanto sucesso que acertei com a editoria a publicação de outras confidências de alunos e concurseiros.

De fato, em duas décadas de magistério, muitos alunos procuraram-me para contar os mais íntimos e inconfessáveis segredos. Em comum, há o fato de, após nossas conversas, sentirem-se mais preparados para os embates da vida. Tanto que me procuravam para descrever seus triunfos e agradecer pelos “dedinhos de prosas”.

Os temas eram os mais variados: incapacidade de reconhecer os próprios potenciais, dificuldade de concentração, desorganização do tempo, crises existenciais, conflitos familiares, etc. Não é que eu tenha resolvido qualquer um desses problemas alheios. A propósito, não me lembro de nenhuma ocasião em que eu tenha dado qualquer conselho.

A utilidade dessas conversas não estava no que eu dizia àqueles alunos, e sim no simples fato de ouvir os desabafos deles. Meu mérito, se é que tive algum, foi o de inspirar a confiança dos alunos, a ponto de me contarem o que provavelmente nunca disseram (e jamais dirão) a outra pessoa.

Na maioria das vezes, quem sofre com algum problema pessoal não quer conselho, quer apenas desabafar. Quem deposita confiança em alguém só quer atenção, respeito e, ao final da conversa, um sorriso e um olhar. Essa é a essência da crônica de sábado passado, cujo personagem se motivava com as lembranças de sorrisos e olhares paternos.

Para quem desabafa, a atenção alheia basta para reorganizar as emoções e encontrar as próprias soluções. Vivemos numa época em que as pessoas, na ânsia de ajudar o próximo, recorrem exageradamente às palavras. Mas Shakespeare tem um diálogo que mostra o poder em vão delas: “Palavras... palavras...”

Então, se você quer ajudar quem vem lutando com algum problema, conquiste a confiança com a disponibilidade de ouvir, apenas ouvir. Você se surpreenderá com sua capacidade de convencer. É que, quando as palavras são raras, antecedidas da percepção do estado emocional do interlocutor, o discurso é mais confiável.

Assim, leitores, sintam-se à vontade para escrever ao meu “email” acima, ou à redação do Hoje em Dia, com suas dúvidas sobre técnicas de estudos para concursos. Também podem apresentar suas lamúrias que farei a leitura atenciosamente.

Compreendam-me e não me julguem pela contradição, mas responderei com palavras. Afinal, como é obvio, esta é uma mídia escrita. Mas garanto-lhes: quando assistirem à minha palestra, eu os ouvirei cuidadosamente e não lhes faltarei com meu sorriso e meu olhar.

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