Damires, parabéns!

22/04/2017 às 20:13.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:14

Circula nas redes sociais a imagem de um grande cartaz com a foto de uma linda jovem. Ao fundo, pode-se ver a cena de uma formatura que, segundo alguns sites, era de Odontologia. No cartaz, segurado por quem parece ser a mãe, está escrito em letras garrafais: “DAMIRES, VOCÊ NÃO FEZ MAIS QUE SUA OBRIGAÇÃO. SEUS PAIS”.

Diante de tamanha deselegância, me pus a pensar sobre quais sentimentos leva alguém a se manifestar assim. E concluí que, mesmo tendo escrito cento e dez artigos neste espaço do Hoje em Dia, com dicas para os concurseiros, ainda temos muitos temas a serem abordados.

Um desses temas, que merece um livro à parte, refere-se às relações interpessoais e como elas podem influenciar o estudante na sua marcha para a vitória. Comecemos pelos sentimentos nobres, que encontramos naqueles que se alegram com nosso sucesso. Eles são maioria. Na verdade, eles compõem a quase totalidade do universo.

Mas pode ser que você se depare com aqueles que, percebendo seu firme propósito de vencer na vida, farão de tudo para atrapalhar. Embora pertençam a uma ínfima minoria, eles podem fazer grande estardalhaço na medida em que compõem o ambiente social do estudante, seja no trabalho, na família ou na vizinhança.

Pessoas desse terrível naipe costumam sofrer com a simples possibilidade de alguém alcançar sucesso. Em geral, têm grande dificuldade de pronunciar três palavras mágicas: obrigado, desculpa e parabéns. Não agradecem porque acham humilhante reconhecer a importância de quem lhes ajudou. Não se desculpam porque jamais admitem que erraram, mesmo que, no íntimo, roam-se com esta certeza. Não parabenizam porque são incapazes de se alegrar com o sucesso alheio, tomando isto como uma ofensa.

Além de não dizer as palavras “obrigado”, “desculpa” e “parabéns”, costuma gastar muitas outras na tentativa de justificar por que não as dizem. Assim, por mais que eu queira compreender os motivos da mãe que ostentou aquele cartaz, não posso, na condição de pai e professor, classificar tal atitude como adequada.

Se ela tivesse dito aquelas palavras em particular, vá lá. Mas tinha que ser em público, ostentando a foto da filha e durante um momento tão importante da formatura? Não posso entender que tal atitude tenha por fonte algum sentimento nobre. Só podem ser mesquinhos os sentimentos que levam alguém a agir deste modo. Nenhuma dificuldade que os pais tenham passado para financiar os estudos da filha lhes dá o direito de execrá-la em público.

No íntimo, eles queriam parabenizá-la. Mas devem ser dessas pessoas que sentem dificuldade em dizer “parabéns”. É por isso, que, em vez de uma única palavra, gastaram quase uma dezena para dizer por que não parabenizaram a filha. Da minha parte, em vez de usar tantas palavras, direi apenas uma, com redobrado entusiasmo: Damires, parabéns!

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por