Estudar é preciso, copiar não é preciso

22/04/2017 às 16:37.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:14

Numa determinada repartição pública, o chefe constatou que a máquina copiadora havia sido programada para trabalhar durante o final de semana copiando uma apostila. O conteúdo do material era sobre um concurso, cuja prova seria realizada cinco dias após a inusitada ocorrência.

A conduta serviu apenas para duas coisas: cometimento de uma infração disciplinar e, muito provavelmente, ofensa a direitos autorais. Se o “copiomaníaco” pretendia produzir conhecimento, perdeu o tempo.

Essa atitude de copiar, ofendendo ou não direitos autorais, é semelhante à de iniciar os estudos comprando materiais escolares para impressionar a si mesmo. Depois de alguns dias, os objetos são postos de lado. O destino das cópias costuma ser o mesmo.

O ato de copiar faz o candidato experimentar a sensação de que o conhecimento é produzido instantaneamente. É por isso muitas pessoas copiam apostilas que nunca são lidas, fazem fotos que não são vistas, compram ou copiam CDs que entulham as prateleiras e nunca são ouvidos.

O conhecimento não é algo que se produz por osmose. A lei do menor esforço, que incrementa nossas mãos com ferramentas, não funciona quando você quer aprender alguma coisa. Para tal fim, esqueça quaisquer comodidades da vida moderna.

Voltando aos fatos constatados pelo chefe, o autor não cometeu apenas o equívoco de tentar produzir conhecimento com seus ilícitos. Também se equivocou ao copiar o material quando faltavam cinco dias para a prova. Mesmo que ele brincasse de aprender, estudando dez horas por dias, seu esforço seria inútil.

Para a produção de conhecimento, assim como é inútil a lei do menor esforço, a “lei do menor tempo” também deve ser evitada. Então, se você quer realmente aprender os conteúdos de um concurso, copie menos, compre menos e inicie os estudos muitos meses antes da prova. Enfim, parafraseando os lusitanos, “estudar é preciso, copiar não é preciso”.

Ah, a paráfrase não é de Luiz Vaz de Camões, como atribuído equivocamente por muitas pessoas. Trata-se de Fernando Pessoa, em seu poema “navegar é preciso”.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por