O anêmico que virou atleta

04/08/2017 às 15:10.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:55

José Roberto Lima*

Recebi muitas mensagens sobre o artigo da semana passada, com o título “O gago que virou orador”. Uma delas foi de um leitor, agregado a uma família numerosa. Aos 13 anos ele passou na prova de seleção para uma escola pública profissionalizante. E eis o discurso da “má-drasta”:

- Meus filhos não passaram. Você acha que eu vou te ajudar a estudar lá?

As aulas eram em tempo integral, com lições pela manhã e práticas profissionais à tarde. Foi assim que ele aprendeu a trabalhar como marceneiro, eletricista etc.

Para pagar a passagem de ônibus, ele fabricava brinquedos de madeira. Também contribuía com as despesas domésticas. Afinal, na linguagem da madrasta, era-lhe devida uma pensão mensal.

Quando faltava dinheiro para pagar o ônibus, ele fazia o trajeto de 5 Km a pé. Também era comum passar o dia inteiro sem alimentação. E eis o resultado: anemia.

Então, aos 14 anos, foi morar com primos distantes. E encontrou o verdadeiro sentido de família. Em poucos dias, o rosto corado indicava um vigor nunca antes visto. Passou a colaborar no pequeno comércio do tio. Em cada tarefa, ouvia palavras de reconhecimento.

Formou uma clientela ente as crianças, interessadas nos brinquedos de madeira. Na primeira oportunidade em que destinou parte da renda ao tio, eis a resposta:

- Você não me deve nada. Guarde o dinheiro para o seu futuro.

Seguindo recomendação médica, passou integrar uma equipe amadora de futebol. E, por um desses acasos da vida, a magreza do corpo, que já era uma magreza saudável, somada ao esforço e às habilidades, chamou a atenção de uma grande equipe de futebol. Tornou-se atleta profissional.

Mas não parou de estudar e se formou em Educação física. Aprendeu inglês, francês e espanhol. Hoje ele conta suas histórias nos times em que atua como técnico. E isso vem ocorrendo no Brasil e no exterior. 

Leitor ou leitora, mire-se nesse exemplo. Afinal, para quem segue acreditando em si mesmo, dias melhores virão. E, seja qual for o seu sonho, o sucesso passa pelos estudos. Então, bons estudos.

(*) Advogado, professor da Faculdade Promove, mestre em Educação, delegado federal aposentado e autor de “Como Passei em 15 Concursos”. 

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