O médico e o concurseiro

22/04/2017 às 19:21.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:14

A História é útil para a compreensão dos princípios e leis de outras ciências. Afinal, não existe um único professor de Física que dispense uma abordagem sobre as obras de Arquimedes, Galileu, Newton, etc. A História também desperta encantos do tipo “eu gostaria de ter vivido na Renascença”. Bem, eu até gostaria de conhecer Leonardo Da Vinci. Até lhe pediria um autógrafo e faríamos uma “self”.

Ah, aí é que o encanto dá meia-volta: na época dele, não se conhecia eletricidade, “facebook”, etc. Claro, façamos justiça: muitos dos inventos modernos foram projetados por Da Vinci. A propósito, visitar uma exposição com protótipos dele foi uma das experiências mais marcantes da minha vida.

Mas, naquela época, a vida não era fácil. No caso da Medicina, estamos falando de um mundo sem penicilina, sem anti-inflamatórios eficazes, com instrumentos cirúrgicos que mais se pareciam com as máquinas de tortura da inquisição.

Essas reflexões decorrem de uma pequena cirurgia a que fui submetido nas últimas horas. Em momentos como esse, fazemos um levantamento de nossas vidas. O que fizemos de melhor (ou de pior)? Em que poderíamos (e ainda podemos) melhorar?

A conclusão a que cheguei é que sempre podemos melhorar. E, para tanto, devemos ter o dom da humildade, reconhecendo intimamente que podemos ser melhores para nós mesmos e para as pessoas que nos rodeiam.

Também podemos ser melhores nos estudos. Neste ponto, nossas melhoras não dependem tanto de aprender coisas novas, e sim de rememorar tudo que nos parece fácil. É que os maiores fracassos em concursos decorrem de questões fáceis, cujos temas, justamente por serem fáceis, costumam ser desprezados nos estudos. Para um concurseiro, desprezar um tema fácil é uma armadilha de vaidade, supondo que, por já dominá-lo, seria perda de tempo rememorá-lo.

Isso me faz lembrar a anedota do médico que se julgava preparado para qualquer emoção. Não é o caso do médico que me atendeu, nem da equipe dele, aos quais agradeço imensamente. Trata-se de um médico que recomendou aos familiares de um doente cardíaco não submetê-lo a emoções fortes, ainda que boas. Então, alguém lembrou que o paciente ainda não sabia que ganhara uma fortuna na loteria.

- Como diremos isso a ele, Doutor - perguntou um dos familiares.

- Deixem comigo, prontificou-se o médico. Foi ao enfermo e perguntou:

- Se o senhor ganhasse uma fortuna na loteria, o que faria?

Ele pensou, pensou... E respondeu: “Doutor, o senhor está sendo tão bom para mim que eu lhe daria a metade do prêmio”. Tomado de surpresa, o médico desmaiou.

Moral da história: nunca estamos preparados para as surpresas. Isso inclui o preparo da vida, isso inclui o preparo dos estudos.

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