Passei! E agora?

22/04/2017 às 19:56.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:14

Tem sido recorrentes as mensagens que recebo após cada artigo publicado neste espaço, que me foi honrosamente destinado pelo Hoje em Dia. As manifestações, por esmagadora maioria dos leitores, são elogiosas. Mas sempre aprece alguma crítica, que recebo alegremente, agradecendo a seus autores.

O artigo “delator premiado ou concurseiro aprovado”, do último dia 01/03, não foi deferente. Entre um mar de elogios apareceu uma mensagem crítica. O leitor “acusa-me” de uma visão poética das corregedorias, dizendo que, na maioria das repartições públicas, ela é ineficiente ou conivente com os ilícitos dos funcionários públicos. Quanto aos recentes escândalos divulgados pela imprensa, ele discorda da minha fala quando digo que muitos réus “perderam a coragem de olhar até para um cachorro sarnento que cruza seu caminho numa calçada”.

- Eles não têm esse sentimento de vergonha – argumenta o leitor. Não digo que todos têm vergonha. Muitos criminosos já a perderam mesmo. Mas, seja como for, quando o réu é funcionário público, será chamado a acertar as contas não somente com a Justiça, mas também com a corregedoria do órgão a que estiver vinculado. Neste ponto reafirmo que, em 10 anos de atuação em comissões de processos disciplinares, vi colegas que enfrentaram bravamente uma condenação criminal, mas caíram em depressão quando perceberam que a pena de demissão era inevitável.

Na maioria dos órgãos públicos, o índice de demissões tem sido altíssimo, o que desmente a ideia de que as corregedorias são ineficientes, tampouco coniventes. Então, se você está se preparando para um concurso, esteja certo que, na maioria dos órgãos públicos, o tempo da impunidade já acabou.

E se alguém se ilude com o estágio probatório, após o que se conquista a tão sonhada estabilidade, isso não livra ninguém do dever de honestidade, probidade, lealdade e empenho às instituições a que servir. Se você passou num concurso público e já tomou posse no cargo almejado, talvez lhe tenha ocorrido essa exclamação seguida de uma inquietante pergunta: “passei! E agora?”.

Agora? Agora... Agora... não se deixe influenciar pelo mau exemplo dos recentes escândalos. Seja um bom exemplo para si mesmo. Cumpra com entusiasmo suas tarefas. Siga retamente as leis e nunca se afaste do princípio constitucional da moralidade que, no serviço público, é proclamado com a máxima de que não basta ser correto, tem que parecer correto. E, mesmo que sua repartição tenha “maçãs podres”, una-se aos bons. Tenho certeza que os bons serão maioria, qualquer que seja o órgão.

Não se preocupe apenas em cumprir o tão falado estágio probatório. Preocupe-se, desde o primeiro dia de trabalho até a aposentadoria, em ser bom e útil para si mesmo, para sua repartição, para sua família, para sua cidade, para o nosso Brasil.

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