Treino é treino, prova é prova

22/04/2017 às 20:04.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:14

“Eu estudo com afinco, aprendo os conteúdos, mas no dia da prova...”. Em resumo, esta é a queixa de um leitor que me pede ajuda. Ele conta que adotou as atitudes sobre as quais já mencionei: 1) ser assíduo numa boa escola preparatória; 2) não desprezar os conteúdos fáceis; 3) estudar um pouco, mas todos os dias, tendo a paciência de colher resultados depois de vários meses.

A opção pela escola preparatória propiciou-lhe um espaço privilegiado de audição. Suas dúvidas são esclarecidas instantaneamente. Além disso, ele aproveita as dúvidas dos colegas, ouvindo os esclarecimentos do professor. O estudo dos temas fáceis o colocou no topo da lista dos alunos com melhores notas nos exames simulados. O hábito de estudar um pouco, mas todos os dias, trouxe rendimento ao aprendizado.

O leitor acrescenta que, com estas atitudes, adquiriu o gosto de aprender. Desse modo, ele constatou que tudo de que gostamos é antecedido de treino. Isso inclui os estudos. Mas, apesar de seguir essas dicas, o triunfo ainda não veio nos concursos. Mesmo bem sucedido nos testes simulados, a situação real de uma prova deixa-o tenso. Assim, ele acaba por errar questões fáceis.

A fonte desse problema está, quase sempre, relacionada à cobrança do candidato sobre si mesmo. Tendo empenhado tempo e dinheiro nos estudos, tendo renunciado às “baladas”, tendo relacionado menos do que gostaria com as pessoas do seu apreço, o candidato se apavora diante da seguinte pergunta: “E se eu fracassar?”.

Ora, dê a si mesmo o direito de fracassar. Quase todos os concurseiros bem sucedidos fracassaram em muitas provas. Mas não desistiram. Considere seu fracasso como um treino a mais para um jogo que ainda não começou.

Na decisão da Copa de 1958, o “complexo de vira lata”, do qual falou Nelson Rodrigues, quase veio à tona quando os suecos fizeram um gol. O craque Didi, um grande líder entre os atletas, apanhou a bola e, mantendo-a sob o braço, foi até o meio do campo: “Vamos lá, acabou a moleza, vamos encher esses gringos de gols”. Essa atitude foi cumprida com uma surpreendente calma (aquela calma que faltou ao Dunga contra a Holanda em 2010, e que veio em excesso para o Felipão contra a Alemanha em 2014). Ao final da partida, o placar marcava 5x2 para ao Brasil.

Didi, que não se apavorou diante do primeiro percalço, é o mesmo que, quando acusado de não se empenhar nos treinos, cunhou esta frase: “Treino é treino, jogo é jogo”. Parafraseando-o, deixo esta mensagem ao leitor que tem se mostrado melhor nos treinos que nas provas: “Treino é treino, prova é prova”. Então, no dia da prova, para não ser tomado pelo desespero, diga calmamente para si mesmo: “Vamos lá, acabou a moleza, vamos encher essa prova de gols, ou seja, de respostas certas”.

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