Síndico: candidato à canonização

26/08/2016 às 20:50.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:34

A enorme dificuldade em manter relacionamentos fica evidenciada na convivência nos condomínios, que a cada dia é agravada com o crescimento e a diversidade das áreas de lazer que propiciam maior contato. A diversidade de pensamentos, culturas, valores e condições financeiras tornam muitas vezes complicado contato diário entre os moradores de edificações coletivas. Se já é difícil compartilhar o dia a dia dentro dos condomínios, tendo que conviver com todas as variações e individualidades, imagine a dificuldade do síndico que, além de conviver, tem a missão de administrar interesses, muitas vezes, antagônicos.

Não são raros os casos de síndicos que têm sua reputação ofendida por moradores, sua honestidade ou boa intenção questionada, o que gera angústia e desgosto, configurando assim o dano moral.

O que gera esse tipo de comportamento antissocial e até criminoso é o fato de um grande número de pessoas não estarem acostumadas a viver em coletividade. Fala-se muito em respeito e democracia, mas algumas pessoas, quando contrariadas, assumem postura agressiva, a ponto de ofender o síndico, ignorando o dever de aceitar a decisão da maioria.

Há pessoas que pensam que o síndico é um empregado, desconhecendo que ele não está à sua disposição 24 horas do dia, sendo que sua remuneração – quando existente – em geral não compensa os transtornos e inimizades que surgem em decorrência de ter que exigir a pontualidade e o cumprimento da convenção. Ignora-se que o síndico tem o direito de contratar consultoria (engenharia, advogado, etc) para orientá-lo a tomar decisões acertadas e que esse custo é do condomínio. Entretanto, os “complicados” reclamam de ter que pagar pela consultoria, mas quando surge um erro são os primeiros a exigir a reparação do prejuízo que poderia ser evitado que o assunto fosse conduzido com profissionalismo.

Outro fator que propícia o surgimento de perseguições à figura do síndico é o político. Muitas vezes, aquele que foi derrotado em eleições ou o síndico antecessor, inspirados no que há de mais vil na política, parte para uma posição irracional à figura do síndico, discordando de tudo que este proponha em assembleias, mesmo que esse posicionamento vá contra os interesses do condomínio e, consequentemente contra o próprio interesse daqueles que se opõem.

O síndico deve se defender dessas agressões processando aqueles que o perseguem ou caluniam. A experiência comprova que o acusador malicioso e fofoqueiro, que tem prazer ao criar inferno, ao comparecer como réu no Juizado Especial Criminal ou ao responder um processo de indenização, acaba mudando de postura. Covardemente, nega tudo que disse e fez.  Uma maneira de coibir comentários distorcidos contra o síndico é determinar que toda reclamação seja feita por escrito, devidamente assinada, sendo ideal que essa contenha a sugestão de solução. Deve-se repudiar a correspondência anônima, que é uma das formas mais cruéis de manifestação. Cabe aos demais condôminos, que desejam uma administração sadia e harmoniosa, apoiar e proteger o síndico contra agressões daqueles que não conhecem o valor do diálogo e os benefícios da vida em comunidade. Afinal, é bom lembrar que qualquer condômino pode vir a ser o síndico de amanhã.

RÁDIO JUSTIÇA DO STF 
No dia 30/08, às 9h30, falarei em minha coluna de Direito Imobiliário da Rádio Justiça do STF, sobre os desafios que o síndico enfrenta no condomínio. Ouça na FM 104,7 de Brasília e no www.radiojustica.jus.br. Envie sua pergunta para o e-mail keniopereira@keniopereiraadvogados.com.br

  

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