Nossos heróis são uma farsa?

18/06/2017 às 23:51.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:09

Doping. Sim, esta foi uma palavra muito comentada nos últimos dias entre aqueles que possuem algum envolvimento com o esporte brasileiro. A TV alemã ARD, no sábado, dia 10 de junho, transmitiu reportagem com uma denúncia que revelava a existência de uma rede de doping clandestina no Brasil, que fornecia as substâncias ilícitas para atletas de diversas modalidades, incluindo o futebol. Na reportagem, ainda é afirmado que o Brasil não tem um sistema de controle de doping eficiente e que existe uma grande facilidade de obtenção dos produtos ilegais. 

Incendiando ainda mais a fogueira, no dia seguinte, uma das melhores atletas do Triathlon brasileiro, Ariane Monticeli, recentemente pega no doping, publicou uma carta aberta contando seu percurso e revelando seu arrependimento pelo uso da substância ilícita, além de comentar como é fácil a obtenção dos produtos ilegais.

Mundialmente, já tivemos inúmeros casos de doping, alguns bem famosos, como do velocista Ben Johnson, do ciclista Lance Armstrong e o recente grande escândalo do esporte russo, com destaque para o atletismo. Casos assim sujam de uma forma imensurável a beleza e virtude do esporte e do espírito competitivo; porém, fica ainda pior quando isso ocorre “na nossa casa”. 

Desde 2004, a Agência Brasileira de Controle de Doping (ABCD), vem investigando esquemas de corrupção nos exames pós-competições dos atletas. Já chegaram denúncias de que atletas pagavam até R$ 150 mil reais para terem seus exames manipulados e ficarem imunes. Outra denúncia, também feita por atletas, alega que, nas corridas de rua no Brasil, onde existe uma grande quantidade de dinheiro envolvido, o esquema para burlar os exames era ainda maior, incluindo até a não realização do exame em atletas que poderiam ser pegos.

Agravando a situação, cada dia mais os dirigentes esportivos (como na Rússia), médicos, fisioterapeutas e treinadores (como no Brasil) se encontram envolvidos nos esquemas de doping.

Diante destes fatos, cresce uma revolta em saber que a corrupção – a mesma que todos os brasileiros sentem na pele e sabem o quanto faz mal a um país (como no caso da nossa política) – tenha chegado no esporte, uma das maiores ferramentas de transformação social e pessoal.

Não podemos aceitar que infrações fiquem na impunidade, que culpados sejam inocentados, e que o erro venha se repetir. Queremos que o “jeitinho brasileiro” deixe de existir.

O esporte deve ser uma expressão simples e pura da superação humana, com os atletas sendo considerados heróis, por realizarem feitos grandiosos sem que nada, além deles mesmos, pudesse dar alguma vantagem. Concluímos então torcendo para que aqueles que nos inspiram não se tornem exemplos a não serem seguidos.

*Colaborou Ingrid Moreira

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