A explosão da criminalidade

19/12/2017 às 19:23.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:21

A despeito de esforços mais recentemente postos em campo, não se veem ainda vislumbres de que a luta contra a bandidagem no país esteja em declínio. O “novo cangaço” avança por todos os estados. 

Evidentemente a conjunção de forças estaduais é muito importante, mas outros apoios são imprescindíveis, como o das Forças Armadas, não para as atividades típicas das polícias. As fronteiras são extensas, seu patrulhamento há de ser permanente, e só isso serve para se avaliar o desafio da missão. Alguma coisa se tem feito, sem conseguir, contudo, eliminar as hordas criminosas. Os numerosos atentados no Rio Grande do Sul, na semana passada, servem para medir e justificar vigor e pertinácia para se impor o primado da lei. 

Cangaço deixou de ser, há muito, um fenômeno restrito ao Nordeste. Ele cresceu para o Sul, ingressou nos estados mais ricos e nas cidades maiores, aperfeiçoou métodos e rotinas, avançou sobre pequenas comunidades, conseguiu armar-se poderosamente. As organizações se mostram atuantes mesmo quando lideranças estão trancafiadas nos presídios. 

Dizer-se que a situação é extremamente grave é pouco, porque o brasileiro, em toda região e lugar, tem medo do que lhe pode ocorrer; sequer sabe se voltará ao descanso noturno no lar. Os grotões deixaram de gozar paz, como outrora. 

Deploravelmente, os marginais passaram a ser confundidos com heróis, como aconteceu com Rogério 157, traficante, nascido em Governador Valadares, e que, como astro, deixou-se fotografar com os próprios policiais que o tinham surpreendido na periferia carioca.

No sistema prisional, em que temos a “honra” de ocupar a terceira colocação mundial em número de detentos, com 730 mil internos, as rebeliões e fugas se repetem, desafiando mais do que guardas penitenciários, as próprias autoridades e a lei.

Há poucos dias, foi preso o também traficante Alberto Ribeiro Sant’Anna, o Cachorrão, apontado como chefe na Favela da Rocinha, junto a Rogério Avelino. A nacionalmente conhecida comunidade, há três meses, vive clima de guerra, na zona Sul do Rio de Janeiro.

Cachorrão, ou Cachorro Louco, agora detido, condenado por roubo e tráfico de drogas, tem ficha criminal das mais gordas. Acusado por lesão corporal e dano ao patrimônio público, chegou a ser preso em 2009 para finalmente ganhar a liberdade provisória em 2013. Agora esperará uma nova oportunidade de escapar. 

No Paraná, na penitenciária de Cascavel, no Oeste do Estado, houve uma nova tentativa de fuga, cuja evolução desconheço. Pode-se esperar mais um final feliz – para os meliantes, é claro. Sei apenas que um preso teria sido decapitado. Adianta?

Em Mato Grosso, em plena madrugada, 26 presos fugiram após explosão de parte do muro lateral da penitenciária Major Eldo Sá Correia, a 218 quilômetros de Cuiabá. Os presos faziam greve de fome pela superlotação, má qualidade dos alimentos, falta de medicamentos, de dentistas e de médicos especialistas. Lá também!

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