Em um dia, três presidentes

14/07/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:33

Os fatos são vertiginosos. A imprensa escrita, isto é, os jornais, sai em desvantagem com os meios de comunicação eletrônicos, cujos repórteres fazem o que podem para não falharem e levarem furo. Brasília se tornou o centro dos acontecimentos políticos mais do que nunca e para lá se volta a atenção do país. Não poderia deixar de ser assim.

O presidente da República, com cabelos mais brancos do que quando assumiu o governo, segura o andor – de um lado e de outro – porque o santo é de barro. Como, aliás, a própria chefia do Executivo nacional, com um ministério extremamente vulnerável a delações, acusações, suspeições.

Durante dias, o pêndulo que segura o tempo no Planalto pendia para um lado ou outro: sai Temer, não sai Temer; assume Maia, não assume Maia; qual o parecer do relator sobre a denúncia a ser investigada a pedido de Janot? Qual o escore? Difícil país, o nosso, cuja governabilidade se põe em dúvida, a cada dia. Como será o Brasil das próximas horas? O que nos está reservado?

O “Financial Times” previa, no sexto mês deste ano, que – “após apresentar uma leve recuperação em seus indicadores econômicos, indicando uma saída da maior crise da história do país, o Brasil deve voltar à recessão”.

Lamentável expectativa, quando não incômoda ou inquietante. “O Brasil é o problema (do continente), diz Ed Jones, autor do referido estudo no “Financial”. “Até março, o país se recuperava um pouco, mas nos últimos meses voltamos a vê-lo se afundando novamente”. Para outro analista, o que acontece “está associado ao aprofundamento da crise política”.

Que pode o cidadão fazer diante da dúvida e do infortúnio? Não nos incluímos, por exemplo, entre os países mais felizes do mundo, pois perdemos cinco posições. “Venturosos, pela ordem, são Noruega, Dinamarca, Islândia, Suíça e Finlândia”. 

A nação mais poderosa do mundo – EUA – está em 14ª posição. Curiosamente, não há referência à China, mas na América Latina o primeiro lugar em felicidade coube a Costa Rica (11ª em todo o ranking natal), seguida por Chile (20º), Brasil (22º), Argentina (24º) e México (25º). Paraguai ficou na lanterninha.

De todo modo, não falta quem possa exercer a chefia do Executivo nacional. Em julho, sábado, tivemos 3 presidentes da República, lembrando os três de novembro de 1955: Café Filho, Carlos Luz e Nereu Ramos. Em 2017, até o fim da manhã, Eunício Oliveira, presidente do Senado, era também o da República, porque o titular – Temer – estava na Alemanha, para a reunião do G20. 

De volta da Argentina, Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, primeiro na linha sucessória, regressou da Argentina, cerca de 11 horas. Temer, às duas da tarde, volta da Europa e entra no espaço aéreo brasileiro, passando automaticamente ao exercício do cargo.

O mais engraçado, porém, me é enviado pelo acadêmico Danilo Gomes, que encontrou a frase não sei onde: “O Brasil é feito por nós. Só falta agora, desatá-los”. A outra poderia ser de Guimarães Rosa: “Junto dos bãos é que a gente fica mió”. É uma questão de escolha e a hora é chegada. E tenho certeza de que o cidadão honesto deste país que ficar quer ficar ao lado dos bons. 

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