Finalmente, a Faculdade

09/05/2018 às 20:27.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:45

Abrir ou não abrir novos cursos de medicina? Eis a questão que se pôs à discussão nacional, o que, no fundo, é bom, porque os grandes problemas têm de ser examinados e debatidos em nível amplo, não se restringindo ao interesse de pessoas ou grupos. Medicina é saúde e vida, envolve o país como um todo e todos devemos perceber sua importância para o homem que aqui nasce ou decidiu aqui habitar.

A moratória de cinco anos que se quer estabelecer para instalação de novos cursos, como pretendida pelo governo, há de ser avaliada sob muitos ângulos e aspectos. A criação de novas escolas de formação profissional universitária não diz respeito só à necessidade de preparar jovens para o exercício da atividade de sua inclinação e vocação. O futuro de gerações está em jogo, assim como a de um país com as nossas dimensões e a grandeza de sua responsabilidade no contexto internacional.

Uma comissão ministerial virá conhecer mais de perto a Santa Casa de Belo Horizonte, primeira instituição da área de saúde da capital mineira, inaugurada em 1897, e que aguarda aprovação do MEC para seu curso de medicina. Hoje, a instituição mantém, dentre outros misteres, o maior estabelecimento prestador de serviços do SUS no Brasil, com um hospital central habilitado à internação e assistência de mais de mil pessoas. Muitos de seus médicos já são professores de faculdades, e agora poderão também exercer o magistério em sua própria casa.

Em 1911, quando se lançou a pedra fundamental, na avenida Alfredo Balena, da primeira faculdade de medicina de Minas Gerais, hoje da UFMG, o presidente do Estado era Bueno Brandão, que compareceu à solenidade. Cícero Ferreira, primeiro médico de BH, dos quadros da Santa Casa, lembrou que em nosso Estado a ideia da fundação de uma Escola de Medicina vinha do tempo em que “os destinos do Brasil se achavam manietados aos da velha metrópole”. 

Declarou: “só nos resta darmos parabéns a nossa estrela por ter sido a nossa geração a executora destas ideias. No corpo clínico, que constitui consagração da futura faculdade, não falta fé, que é a propulsora dos grandes cometimentos”. “Temos reunidos, no momento atual, os elementos de êxito e a pátria mineira pode agora repousar tranquila e assegurada. A última de suas independências, que era a independência intelectual, há de ser conquistada...”

O grande Miguel Couto, paraninfo da solenidade, fez aplaudido discurso, sentenciando que “um instituto desta ordem é uma casa de ensino e de trabalho, segundo a fórmula – ensinar trabalhando, no laboratório e no hospital, ou melhor no laboratório dentro dos hospitais, para que o estudante, desde o momento em que lhe acudiu a ideia de exercer a medicina, se compenetre de que a nossa arte está toda na observação, aliando a ciência à caridade, se já é uma forma de caridade aprender em uns para acudir os outros”. É chegada, mais uma vez, a hora longamente esperada.

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