No delírio das invasões

03/03/2017 às 06:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:47

Nossa vulnerabilidade vem de longe no tempo. Durante os séculos XVI e XVII, o Brasil sofreu vários ataques, saques e ocupações por europeus. Tinham como objetivo apossar-se de recursos naturais ou mesmo o domínio de determinadas regiões. Ingleses, franceses e holandeses foram os que mais participaram destas operações nos primeiros tempos do Brasil Colonial. 

Comandados por Villegaignon, os franceses fundaram a França Antártica, no Rio de Janeiro, em 1555. Os portugueses os puseram para fora, com ajuda de tribos indígenas em 1567. Em 1612, Daniel de La Touche, da marinha francesa, fundou São Luiz (MA), criando a França Equinocial, mas se viu expulso três anos após. Em 1710 e 1711, gente da mesma procedência fracassou ao ocupar o Rio de Janeiro. 

Os holandeses, em 1599, atacaram o Rio, Salvador e Santos. Tentaram novamente fazê-lo na Bahia, em 1603, e lá ficaram até 1625. Em 1630, invadiram o litoral de Pernambuco e, dez anos depois, o litoral do Maranhão, Paraíba, Sergipe e Rio Grande do Norte. Em 1637, Maurício de Nassau chegou a Pernambuco para organizar e administrar aquelas áreas. Em 1644, porém, começou forte reação, que alcançou seu ápice na sangrenta batalha dos Guararapes, em 1648, só definitivamente vitoriosos os colonizadores em 1854. 

O que é hoje o estado de São Paulo não ficou fora. Em 1591, o corsário inglês Thomas Cavendish saqueou, invadiu e ocupou, por praticamente três meses, São Vicente e Santos.

Séculos depois, pode-se afirmar que o Brasil permanece vulnerável, e não só às aventuras europeias. Ninguém se sente dono de algo. As habitações, que custaram muito suor a quem as comprou, são alvo da sanha de bandidos de todas as origens. Para as locomoções, contam eles com motos e carros confortáveis e velozes, furtados ou roubados em outros estados.

A morte violenta campeia nas áreas rurais e nas urbanas. Os jornais se mostram sem espaço suficiente para os registros. Em Janaúba (MG), para lá de Montes Claros, um agente penitenciário encarregado da escolta de um detento doente foi assassinado com vários tiros, à porta do hospital. A população está horrorizada com tantos assassinatos. Toda semana, há mortes violentas. 

No século XXI, o Brasil foi tomado por maus brasileiros. Ai daquele cidadão que errar o caminho nos elegantes bairros do Morumbi ou Santa Tereza, em São Paulo e Rio de Janeiro. Os ali nascidos, ou o turistas, correm risco de perder a vida. Não há agentes da lei para proteger, eficientemente, todos os lugares, o tempo todo.

Não está distante a notícia de um casal gravemente ferido em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro – ela atingida por 39 tiros de fuzil. Buscava por um parente em ponto de ônibus, quando ficou frente a um grupo de criminosos, fortemente armados. A passageira, levada a hospital, não resistiu. Ninguém fica incólume diante de uma saraivada de balas.

Não ficou nisso: em pleno carnaval, uma argentina também foi baleada por bandidos da periferia, embora usasse GPS. Uma boa propaganda da Cidade Maravilhosa!

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