O esperado Brasil Grande

21/07/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:38

Três nomes: Augusto Frederico Schmidt, Juscelino Kubitschek, Odilon Behrens. Com eles, Danilo Gomes, da Academia Mineira de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal e da Associação Nacional de Escritores, dentre outras entidades de prestígio nos círculos literários do Brasil, nos brinda com as quase cem páginas de seu novo livro. 

Sim: três nomes, uma centena de páginas, através das quais o escritor e jornalista mineiro, nascido em Mariana e ex-redator da Secretaria de Imprensa e Divulgação da Presidência da República desde o tempo do Catete, evoca três personalidades da história brasileira no século passado. Um carioca – Augusto, dois mineiros – Juscelino e Odilon –, respectivamente de Diamantina e Muriaé, são lembrados com afeição e admiração quando o menino da primeira capital das Minas Gerais, estudava no Ginásio Dom Bosco, em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto.

Não se trata de um mero volume laudatório sobre três brasileiros, dos quais se guardam amáveis e até belas reminiscências, mas também restrições com que era recebido o escritor da Cidade Maravilhosa.

Danilo Gomes, com a verve peculiar e com a facilidade verbal dos bons cronistas, os evoca, em um volume que oferece “a olho nu, a força e a beleza da escrita como arte de poucos para muitos”. 

Danilo também nos traz episódios que o emocionaram, personagens inimitáveis, como o poeta Alphonsus de Guimaraens, nascido em Ouro Preto, em 1870, e falecido em Mariana, em 1921, onde foi sepultado, inicialmente no modesto cemitério da igreja de Nossa Senhora do Rosário. Juscelino, governador, tomou a iniciativa de erguer-lhe um mausoléu de mármore no Cemitério de Santana, para o qual foram transferidos os restos mortais do excelente Alphonsus. Na inauguração, presidente JK, o orador oficial foi Schmidt. Uma peça inesquecível, de um poeta, até hoje não compreendido como devia. 

As cem páginas do novo livro de Danilo (a quem se devem trabalhos como “Mineiridade que sobrevive ao tempo”, exatamente pelos 80 anos de Alphonsus Filho, em 1998), são prova da missão que ele cumpre na crônica, com linguagem coloquial, refinamentos e sutilezas. Um pormenor deve ser ressaltado. O cuidado do autor no que tange a Schmidt, alvo em sua época de críticas e constrangimentos no ambiente político, pelo contingente que formava a “esquerda tupiniquim”. Uma bela publicação que há de ser lida com sentimento de gratidão ao trio focalizado.

Danilo não perde o ensejo para também homenagear os escritores brasileiros que, no passado, se dedicaram à crônica, e aqueles outros que, presentemente, ocupam preciosos espaços nos jornais. Entre eles, Anderson Braga Horta, de pai e mãe também poetas, nascido em Carangola, que teve a sorte de conhecer Schmidt em um programa da Universidade de Cultura Popular, de Gilson Amado, na TV Continental, no Rio de Janeiro. Anderson registrou a promessa do vate carioca, homem também de empreendimentos: “Vamos criar o Brasil Grande. Grande mesmo”. 

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