O segredo das Esmeraldas

12/08/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:02

Até hoje paramos para pensar sobre este tempo que a nação atravessa como um grande barco num mar sob tempestade. Os mais variados adjetivos são arrolados para classificá-lo. Estarrecedor, foi a palavra encontrada nem sei mais por quem. 

Luis Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal, opina que há grupos que não querem ser honestos “nem daqui para a frente” e defende mudanças para conter a corrupção. Há, assim, ainda quem entenda achar caminhos que evitem o caos total, do qual nos temos aproximado, à medida que se toma conhecimento de fatos novos extraídos do “imbróglio” cotidiano. 

Grande parte da população do país não se interessa pelo que acontece, supondo que nada mais o cidadão comum pode fazer para conjurar o perigo. Nesta hora grave, é o que leio, o Congresso Nacional por nossos representantes discute, até com certa veemência, se a lei que criminaliza o funk merece aprovação. 

Em Minas, o modo de se fazer pijama em Borda da Mata, no Sul de Minas, pode ser declarado Patrimônio Cultural do Estado, nos termos de projeto em tramitação na Assembleia. Embora se reconheça o município como capital nacional desta peça do vestuário, com ampla produção e venda, seria extemporânea a preocupação, com a devida vênia da boa gente da cidade. Como se julgará talvez inconveniente a providência adotada por Cajuri, na Zona da Mata, ao fazer empenho de verba para contratar uma banda de forró e duas duplas sertanejas para festejar nem sei o quê. 

É inacreditável o que ocorre. Durante a votação da denúncia contra o presidente da República, um deputado, do SD-PA, foi flagrado escrevendo a uma mulher e pedindo que lhe enviasse fotos íntimas. Os jornais publicaram o texto: “Mostra tua bunda, mostra, afinal não são suas profissões que a destacam como mulher”. O parlamentar tentou justificar-se, dizendo que uma pessoa lhe solicitara mais de 20 vezes para que tirasse a camisa e mostrasse a tatuagem no ombro direito. Sua Excelência explicou: “Como é que vou tirar a camisa? Tenho que respeitar as famílias brasileiras. Nós temos decoro parlamentar”.

Enquanto o Planalto se prepara para enfrentar a nova denúncia a ser apresentada pelo procurador-geral, a ex-presidente da República considera que Renan tem razão quando afirma que “Eduardo Cunha governa desde a prisão em Curitiba”. Como se toda troca de opiniões fosse exígua, Joesley Batista, da JBS, a que assistira à sessão da Câmara em São Paulo, julgava o episódio “trágico” para ao país. 

O personagem, nascido em Goiás e um dos homens mais ricos do Brasil presentemente, acha que “2 de agosto ficou marcado como dia da vergonha”, embora sem se manifestar sobre sua própria situação nos fatos. Mas o Brasil já sabe quem ele é e o que seu grupo representa. 

O ex-prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, se surpreende com nova ação da Lava Jato, que investiga propina na Secretaria de Obras durante sua gestão. “A notícia me incomoda, decepciona e envergonha”, disse o ex-alcaide. No escritório da advogada Vanuza Sampaio, que forjava contratos fictícios, ela foi presa. Encontrara-se – dentre outros bens de valor e dinheiro – uma porção de esmeraldas. Tem, assim, mais sorte que o bandeirante Fernão Dias, que terminou morrendo sem localizar as pedras preciosas.

Sorte é sorte e a Sena não dá para todos. 

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