Perspectivas de folia

22/01/2017 às 10:35.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:30

Em cada cabeça, uma sentença. É afirmação que percorre o tempo e os lugares, não se podendo adivinhar, suponho eu, quem teria sido o autor de tamanha verdade. Cada um pensa à sua maneira e em consonância com seus valores, situações e circunstâncias. 

Faço estas considerações iniciais, porque o Carnaval está chegando e, diante do entusiasmo demonstrado pelos foliões, parece que estamos no melhor dos mundos, o que não coaduna com o período grave pelo qual passa não só a economia nacional, porque envolvem também todas as ações sociais e humanas, as atividades cotidianas, as próprias instituições, enfim o futuro de uma nação e de seu povo.

O Brasil não pertence a uma pessoa, ou a um grupo, a uma corporação. Somos uma coletividade, que merece e exige respeito, não podendo permanecer à mercê de interesses de alguns, em detrimento da sociedade e do próprio Estado.
A palavra folião – e todo mundo sabe – dá nome a uma dança rápida, mas também corresponde a pândega e briga. Procede do francês folie, e folião, como indicam os dicionários, denomina o indivíduo folgazão, mas também, o histrião, o bobo e o farsante, o que não caracteriza o brasileiro de modo geral – alegre e brincalhão, mas consciente de seu papel. 

Sem ser pessimista, não é hora de fazer de conta. Recentemente, entre os eventos que poderiam causar contentamento no povo, estava a Copa do Mundo, em que amargamos indelével fracasso, semelhante à diante do Uruguai, no Maracanã, há décadas. Em 2014, oferecemos ao povo deste país e aos latino-americanos o espetáculo da fragorosa derrota por 7 a 1 contra a Alemanha, placar jamais prenunciado ou admitido. 

No Estado do Rio, o funcionalismo público reclama do pagamento em parcelas da folha de novembro, enquanto os cidadãos se reúnem para comprar produtos para formarem cestas básicas para doar aos servidores, inclusive da polícia. 

É, realmente, degradante a situação a que se chegou na Cidade Maravilhosa, que se prepara para os desfiles na Marquês de Sapucaí e dos blocos que percorrem os bairros e comunidades da Baixada Fluminense, que tanto preocupa as autoridades policiais.

No Rio, mantém-se extrema dificuldade de fornecer recursos para custeio de hospitais, no que se refere a terceirizados e fornecedores. Carnaval, pois, de perspectivas não muito animadoras.

Em Minas, o Palácio da Liberdade divulgou nota sobre o reajuste em 7,64%, do piso dos professores da rede pública por decisão do governo federal. O piso é reajustado atualmente em janeiro e segue as regras de uma Lei de 2008, que define o mínimo a ser pago aos professores em início de carreira, com formação de nível médio e jornada semanal de 40 horas. Segundo a nota oficial, o governo não tem como assumir o acréscimo. Adivinha-se o que se terá pela frente durante o exercício, quando já estamos em declarada calamidade. 

Na terra mineira, algumas prefeituras, grande parte sem dinheiro para pagar as dívidas recebidas, optou por não patrocinar as festas de Momo. Enfim, faz-se o que pode, não o que se quer.

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