Tempo de quentão e foguetório

07/06/2017 às 18:19.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:58

Coincidências? No dia em que os jornais da capital (6 de junho) publicavam com o destaque necessário a liberação de recursos para ajudar a Santa Casa de Belo Horizonte em sua sublime missão de prestar assistência aos que dela carecem, num pé de página li a notícia de que seria celebrada missa pelo falecimento da senhora Carolina Gomes Pereira Quinet de Andrade, viúva de Edgard Quinet. Ele veio da segunda cidade de Minas, Juiz de Fora, para ser provedor da instituição, cargo em que antecedeu ao desembargador Hélio Costa, ambos dedicados servidores da benemérita obra. 

Dona Carolina, apreciada escultora, deixou uma série de belas obras, algumas doadas à Santa Casa, mas era antes, e acima de tudo, um exemplo de solidariedade, que parece transferir-se às autoridades que encontraram formas para estender a mão a quem precisa. 

O prefeito Kalil, coadjuvado pelo secretário Jackson Machado Pinto, encontrou saída para o desafio. Digo desafio porque a prefeitura enfrenta uma verdadeira miríade de problemas, não podendo ignorar os demais. Graças a esse esforço, recursos garantirão quatro meses de ajuda financeira mensal, assegurando o atendimento digno que todo ser humano merece e certo alívio para os administradores do município, que não devem ter usufruído de sono adequado nos recentes dias de angústia transpostas, assim como também o corpo clínico e todos os demais servidores, que ressentiram do expressivo número de leitos de enfermaria desativados temporariamente.

A primeira casa hospitalar de Belo Horizonte, porém, confia também no que dispõe o Diário Oficial da União, prevendo mais R$ 12 milhões anuais, a serem liberados mensalmente para que os leitos voltem a funcionar como imprescindível. A determinação foi publicada na Portaria 1.391, de 2 de junho fluente. 

Outras verbas também prometidas, o que dá esperança não apenas aos dirigentes da entidade e aos gestores dos dinheiros públicos. Neste nosso nublado tempo de incertezas e de corrupção, receber tais notícias é algo alvissareiro. É um novo cenário de reversão do quadro de “quase” genocídio na saúde, como observou com propriedade o alcaide.

O provedor da Santa Casa, com longa experiência no convívio dos negócios públicos, no Executivo e no Legislativo, não é cético, mas comenta: “a primeira providência é chamar os credores de remédios para negociar e garantir que eles continuem a fornecê-los. O problema não é só aumentar leitos, mas manter mais seiscentos funcionando, à medida que os recursos forem entrando, o que é uma novidade. Já faz bastante tempo que não temos recursos suficientes e a população precisa”.

As pessoas dessa atividade não imaginam como é difícil manter um complexo hospitalar das dimensões de uma Santa Casa em plena operação, sem contar com a receita de clientela particular ou de convênio, que antes existia.

A despesa da instituição, fundada há exatamente 118 anos, é de R$ 26 milhões mensais, mas fatura nada mais de R$ 22 milhões a cada trinta dias. Haja fôlego. Tem-se de fabricar mais R$ 4 milhões. E finalmente este reforço foi anunciado neste junho de 2017, mês das festas juninas e das fogueiras nas cidades interioranas. Na hora que atravessamos, haverá foguetório este ano? Casamentos na roça e muita dança movida com quentão?

Por enquanto, saudamos o anúncio dos recursos públicos e a sensibilidade dos mandatários. 

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