Fazer negócios em BH é difícil

08/09/2017 às 16:52.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:28

 Já está se transformando em bordão de tanto que eu repito: BH está feia, suja, perigosa e pobre.

Não é exagero afirmar que a última dessas características é em grande parte responsável pelas três primeiras. É que uma cidade com renda per capita decrescente, arrecadação em queda e evasão de talentos, como é o caso de BH, tem muita dificuldade de manter suas ruas limpas, bonitas e, especialmente, seguras.

Por que não promover, então, um ambiente mais favorável ao desenvolvimento de negócios e a sua fixação por aqui?
É preocupante que tantos jovens talentos mineiros sejam perdidos para o mercado paulista e que nossas startups optem por fazer o mesmo percurso assim que adquirem algum porte. Não é justo ou lógico que se fique repetindo que isso ocorre apenas porque “todas as grandes empresas estão em São Paulo”. Esse pode ser o discurso para um escritório de representação de uma grande multinacional – mas em relação à maioria dos negócios, a posição geográfica não deveria expulsar investimentos de cidades com perfil aderente à sua atividade, pois de alguma forma isso acaba pressionando os custos da empresa.

O problema é complexo e há até quem diga que ele já extrapolou o campo da técnica para ingressar na psicologia, ao se consolidar no subconsciente geral a noção de que BH não oferece o ambiente necessário a fazer prosperar grandes negócios.

Ainda, contudo, que haja algum preconceito na forma de tratar o assunto, é inegável que BH não oferece um bom ambiente de negócios, bastando ver que estamos em vias de perder o polo biotecnológico que chegou a se idealizar para o BH-TEC, que hoje está de mudança para o Alphaville, em Nova Lima. O motivo não surpreende, pois por aqui se tem cultuado o ódio ao setor produtivo como se fosse nocivo à cidade – quando, na verdade, é sua própria pulsação que permite a existência do espaço urbano. São pequenos exemplos que demonstram como parece não fazer parte da agenda pública a simplificação da vida do empreendedor.

O sistema de licenciamento de empreendimentos é lento e confuso; o BH Resolve é ineficiente em grande parte de suas respostas, que acabam tomando um caráter meramente burocrático; a decisão de protestar os contribuintes inadimplentes com tributos demonstra falta de sensibilidade e de senso prático, com a escolha de uma alternativa mais cara e de consequências mais danosas; para não citar o SAC-Web, que usando de interface pouco amistosa, parece tentar vencer pelo cansaço o cidadão que pretende exigir providências. São, todas essas, demonstrações firmes de que muito ainda está por fazer. E tudo começa com a abertura do diálogo com quem é massacrado diariamente por essa falta de perspectiva: os empreendedores de BH.

  

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