Monitoramento eletrônico: invasão ou necessidade

04/08/2017 às 17:41.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:55

Há muitos anos a discussão sobre monitoramento eletrônico das cidades vem crescendo, acompanhada algumas vezes por lances futuristas e extremos, outras tantas por uma visão mais equilibrada e realista - mas sempre apontando a segurança como seu principal motivador.

Recentemente pude perceber que existem outros ganhos e efeitos relevantes desse serviço.

É que tive a oportunidade de conhecer um pouco mais do COP-BH (Centro de Operações da Prefeitura de Belo Horizonte), que reúne a maior parte das câmeras de monitoramento da cidade, com posições ocupadas pelas forças de segurança (como PM e Guarda Civil), controladores de transito da BHTrans, serviços públicos essenciais (Gasmig, Copasa, Cemig) e serviços de urgência (Defesa Civil e Bombeiros), além de outros, com o objetivo de coordenar os esforços de pronto atendimento a eventos de risco, desde acidentes de trânsito, até manifestações, passando por festas, congestionamentos, inundações e tudo o quanto possa afetar o funcionamento da cidade, exigindo resposta imediata e coordenada.
Uma proposta de inteligência que merece ser propagandeada.

Apesar disso, continuamos vivendo uma cidade perigosa, o que poderia significar o fracasso da iniciativa enquanto política de segurança. Na verdade, existem muitos pontos cegos e falta acompanhamento das imagens, pois a simples existência da câmera não basta.

Fato é que, em termos de segurança, a câmera não será jamais capaz de evitar o crime, mas pode garantir que as autoridades de segurança encontrem o criminoso - desde que o monitoramento seja feito com a cobertura adequada e a qualidade necessária da imagem (não vou voltar a discutir a precariedade da iluminação pública, pois estou aguardando por resultados positivos da substituição das lâmpadas por LED).

Não é sem motivo que a Inglaterra, país mais monitorado do mundo, consegue esclarecer quase 90% dos crimes graves, enquanto amargamos percentual inferior a 10% de soluções.

Os desafios são muitos, desde a falta de pessoal até a limitação do espaço de cobertura das câmeras atuais. Mas alguns avanços são evidentemente necessários, como a robotização do monitoramento, para que sistemas possam identificar, sem auxilio do “olho humano”, veículos, situações de risco e até mesmo pessoas.

Pode parecer que avançamos na direção do Big Brother, mas continuo me batendo pela tese de que só o monitoramento constante do espaço público resgatará, por aqui, a sensação de que nossos atos têm consequência. E, então, a segurança será restabelecida pela certeza de que o criminoso será identificado e punido, pois, por aqui, a insegurança é filha da impunidade.

  

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