Retorno ao trabalho

02/02/2018 às 22:17.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:07

Na última quinta-feira, a Câmara Municipal voltou a seu funcionamento normal, dando início ao ano legislativo – cheio de desafios, mas esvaziado de vontade. É ano para avançar na discussão do Plano Diretor, seja com novo texto que corrija as incongruências da proposta atual, seja com a realização da V Conferência de Política Urbana, já anunciada pela PBH. A prefeitura precisa seguir com os planos de reforma administrativa, partindo agora para a extinção de estatais.

Projetos timidamente iniciados em 2018 – como a desburocratização do ambiente de negócios, a atuação sobre o problema da população de rua e a requalificação dos espaços públicos – precisam ganhar velocidade.
São inúmeras as providências pendentes para que a cidade consiga começar a se recuperar de anos de crise, em que sofremos aumento da pobreza, crescimento da violência e desencanto. Desafios que se acumulam às portas dos prédios oficiais.

Minha dúvida – e torço para que ela seja superada – é se encontraremos no ambiente político o senso de urgência desses temas ou se manteremos o compasso de inércia da burocracia, que trata das irrelevâncias cotidianas como homenagens e criação de dias comemorativos, sem se deter sobre o que efetivamente é capaz de impactar a realidade das pessoas.

Com mais de metade dos vereadores focados em suas campanhas a deputado (e não vejo nenhum problema de serem candidatos, desde que mantenham o cumprimento integral de seu papel ou se licenciem para cuidar de outras coisas), com compromissos a serem cumpridos por eles junto ao prefeito e outros líderes políticos que podem lhes auxiliar nessa busca, tenho medo de que as decisões da Câmara sofram pressões desastrosas.

É que nesses momentos eleitorais a capacidade de pressão política externa sobre as decisões da Câmara é ainda maior. E o sacrificado é sempre o interesse coletivo, em prol de algum interesse individual mais “relevante” para os fins eleitorais – desde manter o Executivo com postura amigável, para a liberação de verbas e obras, até atender a pedidos ou pressões espúrias de quem tenha força política, passando pela não menos grave atuação voltada exclusivamente para o marketing pessoal, mesmo se as consequências práticas dessas ações se mostrarem insustentáveis ou prejudiciais à cidade.

Em anos como esse, em que precisamos de uma virada na forma de praticar política – até para restabelecer nossa crença na administração pública –, não podemos apenas observar a atuação dos políticos. Temos de cobrar cada postura e apontar cada tropeço ou desvio.

Como dizem os antigos mais religiosos: “vigiai e orai”. Ou como prefeririam meus alunos: “pode torcer, mas marca em cima!”.

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