Dos protagonistas, Lacerda é o único que não pode perder

27/07/2016 às 20:42.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:02

Política não se faz sem riscos, mas a operação política comandada pelo prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), é de alta periculosidade, cujo principal alvo é o seu próprio futuro político. Lacerda rompeu com seus padrinhos políticos de 2008 (o petista Fernando Pimentel, à época, prefeito de BH, e o senador tucano Aécio Neves, à época, governador de Minas), quando o lançaram na política, elegendo-se prefeito pela primeira vez. Em 2012, desfez a aliança com o PT de forma tão traumática que Pimentel, seu ex-amigo pessoal, não quer nem ouvir falar dele. Os dois só voltaram a conversar no mês passado, 18 meses depois que o petista virou governador.

Agora, o prefeito inventou de afastar-se de Aécio e, por consequência, dos aliados do tucano na hora de eleger o sucessor. Da mesma forma, Lacerda quer distância dos políticos, entendidos a maioria, por ele, como profissionais, carreiristas e desacreditados da população. Seus movimentos são de riscos e tidos pelos ex-aliados como “traição”, de um lado, e “arrogância”, de outro. 

Tudo somado, se ganhar as eleições com seu ‘poste’ - como ele foi chamado em 2008; entendendo isso como alguém que nunca havia militado na política –, no caso Paulo Brant (PSB), o prefeito entra no jogo para as eleições de 2018, quando pretende buscar voos mais altos, como o de candidato a governador. Se assim for, enfrentará novamente os padrinhos, já que Pimentel articula para se reeleger e Aécio quer reconquistar Minas, para se cacifar às eleições presidenciais. 

Como toda disputa tem outros 50%, se perder, Lacerda corre o risco de ter o futuro e voo abortados, recebendo como herança apenas o gosto amargo da vingança e do abandono. Já está sentindo e provando as dificuldades na hora de fazer o vice de seu candidato e montar as alianças por conta das consequências de sua delicada operação, tido por alguns como ‘suicida’. Está negociando com vários partidos, mas a menos de 20 dias do prazo fatal, não conseguiu avançar. 

Como o petista e o tucano, o prefeito também é um jogador, um dos protagonistas da sucessão na capital; ao contrário deles, é o único que não pode perder. Pimentel e Aécio já estão consolidados e não ficarão menores ou maiores com a derrota, ou seja, continuarão firmes no páreo para 2018.

Conversa franca

O vice-prefeito de BH, Délio Malheiros (PSD), teve uma conversa aberta, porém firme, com o prefeito Marcio Lacerda (PSB). Após algumas horas, deixou claro que não aceita ser vice e que não está satisfeito com os movimentos do cacique para tirá-lo da disputa. Ele não quer mais o apoio do prefeito, apenas que respeite sua candidatura. Nos últimos dias, Lacerda colocou o pé no acelerador para ter o PSD na chapa de Paulo Brant, ao mesmo tempo em que tenta segurar o PDT de Sargento Rodrigues. No PPS, conseguiu adiar a decisão desfavorável no diretório para a convenção de domingo (31).

Alianças e marketing

Enquanto aguarda a adesão de Marcelo Álvaro Antônio, pré-candidato a prefeito do PR, como seu vice, o pré-candidato do PMDB, Rodrigo Pacheco, acertou ontem que seu marketing será conduzido pela agência de publicidade JBis, sucessora da JMM, que, no passado, conduziu a candidatura (não eleita) de Hélio Costa, pelo PP.

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