Empate técnico põe disputa sob tensão e ataque de nervos

19/10/2016 às 20:08.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:17

O empate técnico nas eleições de Belo Horizonte já não é mais uma questão de pesquisas ou de briga de cabos eleitorais, mas uma situação tão real quanto a tensão e ansiedade que tomaram conta dos comitês. O eleitor belo-horizontino está decidindo a eleição nesta semana, a partir da retomada dos programas eleitorais de televisão, em especial das inserções (comerciais de 30 segundos), e do uso ativo e multiplicador das redes sociais.

A situação não está favorável a nenhum dos dois finalistas, até porque apenas um será eleito. João Leite (PSDB) já não tem mais a liderança isolada da campanha, perdeu terreno e viu o adversário, Alexandre Kalil (PHS), avançar. O atraso no reinício dos programas de tevê afetou mais ao tucano do que o candidato do PHS, já que apenas as redes sociais, onde Kalil é mais ativo, pautaram as eleições na primeira semana após o 1º turno.

O candidato do PSDB deveria ligar para o prefeito Marcio Lacerda (PSB), se não tivesse se distanciado dele, para saber como lidar com o desafio de hoje, que é semelhante ao do final do primeiro turno de 2008. Naquela época, Lacerda tinha visto o então adversário, Leonardo Quintão (PMDB), virar o jogo e ganhar a dianteira no início do segundo turno. Lacerda reagiu e conseguiu revirar o quadro a seu favor. Kalil, por sua vez, poderia ligar para o candidato a prefeito do PSDB em Contagem, Alex Freitas, e saber como fazer para virar tendência na reta final.

Os eleitores que votaram em João Leite no primeiro turno devem repetir o voto; da mesma forma os que votaram em Kalil. A novidade está vindo daqueles que votaram nos outros nove candidatos, que foram derrotados no primeiro turno, e dos indecisos, aquela mistura de votos brancos, nulos e da abstenção.

É essa mudança ou tendência que preocupa os candidatos e que os institutos de pesquisa tentam monitorar. Do último domingo até o próximo serão feitas seis pesquisas por institutos diferentes. É uma verdadeira guerra de números, mas a pesquisa verdadeira é aquela que sairá das urnas no dia 30.

Nos últimos nove dias, haverá ainda quatro debates, quando os candidatos tentarão sair da situação de empate técnico. Debate é uma estratégia complicada; todos evitam perder votos; se puder desgastar do rival também é bom e, depois, tentar ganhar alguns votinhos. O melhor é não se arriscar porque o horário não ajuda muito. Kalil tem utilizado melhor outro recurso, o da repercussão do debate.

Após o último confronto na TV Bandeirantes, o candidato do PHS reproduziu vários trechos do debate, editando a seu modo, e conquistou mais audiência do que o próprio evento. João Leite, ao contrário, não fez o mesmo, embora tenha tido desempenho até melhor do que o rival.

Os indecisos estão irredutíveis. Houve até um grupo que lançou um candidato imaginário e uma plataforma de campanha para que seu posicionamento não seja confundido como nulo ou branco, mas de protesto.

Desânimo na Prefeitura

O ambiente na Prefeitura de Belo Horizonte é o mais desalentador possível. Funcionários e comissionados já viram o ex-aliado João Leite assumir postura de oposição e negar o apoio do prefeito Lacerda e ficaram ainda mais assustados com o crescimento de Kalil na reta final. Depois de dizer que nada faria, o candidato do PHS, agora, fala em reduzir o tamanho da máquina, desempregar a turma e desfazer contratos. 

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