Futuro da Lava Jato está na caneta da presidente do STF

23/01/2017 às 20:44.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:32

A uma semana da reabertura do Congresso Nacional e do Judiciário, a decisão que tomará a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, será mais importante do que o desfecho das eleições, sob forte influência do Executivo, para os comandos da Câmara dos Deputados e do Senado. Está nas mãos dela, e no juízo que fizer da situação, o poder de definir o nome do novo relator da Lava Jato, que substituirá o ministro Teori Zavascki, morto após tragédia aérea na quinta passada (19). O futuro, principalmente a credibilidade desse julgamento, depende da caneta da presidente do STF. 

A morte do ministro acrescentou à crise nacional dramaticidade maior, especialmente por conta da teoria da conspiração, que, por desconfiança somada ao descrédito da classe política, reforça suspeitas sobre a fatalidade. Para afastar, ou reduzir essas desconfianças, a medida mais adequada é escolher rapidamente o novo relator entre um dos ministros da atual Corte, afastando as suspeitas que recairão sobre o indicado do presidente Michel Temer, que foi citado por dezenas de vezes só na 1ª delação de um dos diretores da Odebrecht.

Mais que isso, se pretende mesmo conter as suspeitas que podem contaminar tudo e todos, melhor faria Cármen Lúcia se homologasse, ou não, as delações com base no assessoramento da equipe do ministro falecido, o mesmo que orientaria Zavascki. Talvez, por isso, a ministra tenha se reunido, na manhã de ontem, com os assessores dele.

Não se trata nem de protagonismo, mas de dar recado claro a todo o país de que a vida segue e que, por pior que sejam os acontecimentos, as instituições precisam também continuar funcionado e dando respostas em casos da importância da operação que investiga a corrupção no país e que, queiramos ou não, já virou novela da qual todos, e cada um, acompanham por capítulos e têm visão própria desse mundo.

Parceria inevitável
Como a vida precisa seguir, o governador Fernando Pimentel (PT) e o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), deram demonstração de como tem que funcionar a administração pública, seja estadual ou municipal. Reuniram-se pela 1ª vez, desde a posse do novo prefeito há 23 dias, e anunciaram integração das ações de segurança, como primeiro passo da inevitável e necessária parceria.

Ninguém soube explicar, por exemplo, por que Pimentel e o ex-prefeito Marcio Lacerda (PSB) não se reuniram, uma vez sequer, durante os últimos dois anos, além das diferenças pessoais e políticas que emergiram entre eles em 2012. Lacerda chegou a pedir, e até a fazer apelo público, mas Pimentel não o atendeu. Tudo somado, o governador decidiu também assumir o protagonismo perante os outros municípios da região metropolitana que realimentam e agravam os problemas da capital mineira. 


Quem prende e quem guarda
Ao tratar da crise penitenciária nacional, onde mais de 100 presos foram chacinados, o governador afirmou que não há indícios de que, em Minas, essa situação ocorra, embora reconheça riscos de semelhantes condições de superlotação e da presença do crime organizado. A situação de controle em Minas tem mais relação com a gestão, quando o Estado desvinculou a guarda dos presos de quem os prende, com a criação da Secretaria de Administração Prisional.

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