Tucanos buscam reação para recuperar frente na reta final

20/10/2016 às 19:19.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:18

O eleitorado belo-horizontino está decidindo a eleição nesta semana, como antecipei aqui na sexta (14), influenciado mais por sentimento de mudança do que pela racionalidade que costuma prevalecer em 2º turno. A manifestação do ‘contra o que está aí’ está favorecendo o candidato do PHS, Alexandre Kalil, que fala tudo aquilo que o eleitor/cidadão insatisfeito quer ouvir e sem contraponto.

Ante as pesquisas internas, o comitê tucano entrou em parafuso e busca por reação que evite virada na campanha. O que todos temem é o surgimento de nova tendência, que, numa reta final, é praticamente incontrolável. Por isso, discutiam ontem um conjunto de reações para que o candidato João Leite não só recupere a frente, mas o protagonismo do conteúdo que comandou no 1º turno. Agora, ele deixou o campo propositivo para entrar no campo de Kalil, da troca de farpas e da desconstrução, onde o rival é mais eficiente.

Numa figura de linguagem, um observador disse que, nos tempos do futebol, o tucano atuava no Mineirão e que, agora, teria caído no Horto, campo onde o rival se consagrou no time de ambos. Outro apontou, usando a mesma imagem do futebol, que você pode ser um bom goleiro, como foi João Leite, mas só mantém essa virtude se treinar permanentemente. Ou seja, o candidato do PSDB não foi confrontado no 1º turno, surfou na liderança e não se preparou para o contrário, como alguém que leva o desempate aos 40 minutos do segundo tempo. É uma corrida contra o tempo. Restam nove dias para a votação.

É difícil a alguém que ficou tanto tempo na liderança perceber e sentir a necessidade de mudança, de reorientação, se o time está, em tese, ganhando, mas, nas eleições atípicas de hoje, as mudanças confundem até birutas de aeroporto. Ainda assim, o avião não cai, em situações normais, apenas aterrissa de maneira articulada e planejada. Basta fazer a leitura correta dos instrumentos disponíveis no painel de controle.

Os números das pesquisas são registros de processo. Cabe a cada um interpretá-lo corretamente e com visão de longo prazo, até o momento em que alguém apita o fim do jogo. Desde agosto, já havia apontado aqui que Kalil havia entrado na campanha para colocar fogo e, disso, fazer seu marketing. Ao ficar contra todos e todos contra ele, virou o centro das atenções.

À época, o diagnóstico feito era de que Kalil repetia o estilo Collor (o ex-presidente que se elegeu, em 89, como caçador de marajás), franco atirador e outsider. O desafio do candidato que está à frente é crescer sempre, ou, pelo menos, saber por que não está subindo e a razão pela qual o rival avança. Esse diagnóstico não pode faltar.

Lacerdistas reclamam
Aliados do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), queixavam-se, ontem, pela cidade de algumas peças de publicidade usadas por Alexandre Kalil na TV. Feitas com objetivo de criticar o apadrinhamento político, uma delas exibe o ex-prefeito Fernando Pimentel (PT), hoje governador, e o ex-governador Aécio Neves (PSDB), hoje senador, juntos, pedindo votos para o então candidato Lacerda, em 2008. 

A reclamação é que as peças estariam sendo orientadas pelo marqueteiro do próprio Lacerda, Cacá Moreno. O publicitário nega e diz que está em Miami, “literalmente fora de campanha”.

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