Parque Nacional Cavernas do Peruaçu: um paraíso milenar

14/07/2017 às 23:17.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:34

O Estado de Minas Gerais é realmente um lugar que surpreende e tira fôlego dos seus visitantes. Não só por causa da hospitalidade da sua gente, mas também porque possui diversos paraísos ecológicos e históricos que atraem milhares de pessoas anualmente. É o caso do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, localizado no Norte do Estado, entre os municípios de Itacarambi, Januária e São João das Missões.

A origem das atrações data de milhões de anos, ainda quando parte do Brasil estava submersa pelas águas de um mar interior que depois secou. Esse processo deixou grandes blocos de calcário que hoje abrigam inúmeras cavernas espalhadas pelo território brasileiro. O rio Peruaçu, um dos afluentes do rio São Francisco, teve seu curso natural fechado por um desses blocos maciços, e com o tempo a ação erosiva das águas foi esculpindo o calcário e formando a beleza que hoje podemos contemplar.

Dessa forma, a ação do tempo resultou num conjunto de cavernas, muitas ainda virgens, que tem atraído espeleólogos (especialistas ou exploradores de grutas, cavernas e fontes) em busca de grutas ainda não catalogadas e de sua rica biodiversidade nos biomas cerrado e caatinga. Além disso, a área contém um número muito expressivo de espécies do nosso ecossistema ameaçado de extinção.

Existe registro da presença humana no vale há cerca de 11 mil anos. Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) encontraram amostras de esqueletos humanos na região. A origem do nome Peruaçu é bastante interessante. Os índios Xacriabá, habitantes da região, faziam referência à fenda ou buraco (peru) muito grande (açu).

O local é realmente um encanto. O que mais chama atenção são as belíssimas paisagens repletas de arte rupestre pré-histórica, em sítios arqueológicos milenares, de importância internacional, cujas cavernas são de grandeza colossal. Vale muito a pena visitar aquele santuário, principalmente porque foi estruturado recentemente e está ainda mais seguro e belo. Possui também um grupo de condutores ambientais treinados e credenciados pelo ICMBio para garantir uma experiência única num passeio inesquecível.

Criada em 1999, o parque possui área de 56,4 mil hectares e é ambiente propício para estudos, pesquisas, lazer e excursões escolares. As visitas à unidade de conservação devem ser previamente agendadas para uma melhor comodidade dos seus visitantes.

Como são muitas as opções, o ideal seria o visitante dispor de uns dois dias para percorrer os principais locais do parque. A Gruta do Janelão, por exemplo, é o principal atrativo. A grandiosidade da caverna é expressa em suas enormes depressões, na imensidão de seus salões e em suas gigantescas formações minerais. O paredão rochoso, logo na entrada, é uma grande fotografia que conta a história da presença humana no Vale do Peruaçu. É na gruta do Janelão que está localizada a maior estalactite do mundo, a Perna da Bailarina.

Mas existem outros lugares que encantam dentro da gruta, como é o caso do Caminho da Lapa Bonita e Lapa do Índio, Caminho da Lapa do Boquete, Caminho da Lapa dos Desenhos, Caminho da Lapa do Rezar (com 90 metros de largura e mais de 40 metros de altura) e Caminhos da Lapa do Caboclo e Carlúcio.

A riqueza da fauna e flora é outro tesouro à parte. Só de aves são mais de 250 espécies e várias centenas de animais, alguns deles em vias de extinção.

Não obstante as belezas naturais encontradas ali, o grande desafio dos seus administradores e daqueles que defendem sua preservação é combater a ação ilegal do homem. Queimadas descontroladas, desmatamentos, caça e pesca predatórias, insuficiência de funcionários e uma logística de fiscalização precária comprometem um dos maiores patrimônios ecológicos e de arte rupestre do país e do mundo.

Com a atenção devida, a promoção do turismo sustentável e a responsabilidade de todos, o Parque do Peruaçu vai continuar a ser uma grande atração do Estado de Minas Gerais.

 

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