A dor do adeus

20/04/2016 às 19:26.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:02

Como lidar com as perdas? O que fazer quando perdemos o emprego, a saúde, o casamento ou alguém próximo? Não somos preparados para lidar a ruptura mesmo sabendo da instabilidade da vida.

Ao sofrermos uma perda, seja pela morte de um ente querido ou por um divórcio, vivenciamos o luto: um processo dolorido e solitário que pode durar de oito meses a dois anos.

Uma teoria postulada por Elizabeth Kubler Ross em seu livro “Sobre a morte e o morrer” assegura que o luto é composto por cinco fases: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação.

A negação é o mecanismo de defesa que visa afastar a dor. Ao negar o fato, a pessoa evita pensar nele, com isso costuma preencher seu tempo dedicando-se exageradamente ao trabalho ou a outra atividade. O sentimento de vazio e isolamento é comum nesse período.

Na raiva é comum procurar um responsável pela dor e não aceitar a impotência diante da perda. Nessa fase, os sentimentos de raiva e culpa oscilam. Ora a energia da dor é dirigida a um objeto (no caso da morte: raiva do médico, do hospital; em demais casos, raiva de alguém que esteja envolvido com a perda), ora a responsabilidade da dor é autodirigida (“se eu tivesse chegado mais cedo”, “eu deveria ter percebido os sinais”), trazendo a culpa para si. A raiva, nesse caso, pode surgir de forma repentina e extrema, com acessos de ira, violência, sarcasmo, irritabilidade, agressividade ou amargura.

No estágio da barganha, a pessoa tenta “negociar” para não permitir a perda. Negocia com Deus, com o outro, com o destino, tudo na tentativa de reverter a situação. É a representação da dificuldade de abrir mão do controle.

A depressão já é o caminho da cura. Quem se deprime sai da condição de controlador da vida e passa a reconhecer as limitações humanas. A tristeza, a desesperança, a perda de sentido e a falta de animo fazem parte dessa fase. Geralmente é nesta etapa que as pessoas buscam ajuda de profissionais para um acompanhamento psicológico.

A aceitação é o processo que nos faz capaz de desapegar. Aceitar não no sentido de esquecer, mas de modificar a condição da dor. Nessa fase a pessoa consegue se lembrar da perda sem angústia, ressaltando os aspectos positivos da relação vivida.

É importante ressaltar que nem sempre as fases ocorrem nessa ordem e não necessariamente são experienciadas por todos. Contudo elas indicam uma evolução no processo de cicatrização da ferida emocional.

Não existe um medidor de dor, muito menos é correto comprar os sofrimentos. Se alguém superou uma perda de forma rápida não significa que o outro tem condições de superar também. Cada um sente o impacto de forma diferente.

Quem sofre, sente-se deslocado: ao olhar para o lado percebe que todos à sua volta segue a vida, porém, ele parece vibrar em outra frequência como se estivesse num mundo a parte.

Conseguir ajudar alguém que sofre uma perda requer sensibilidade, sabedoria e sobretudo amor para despir-se de si e estar atendo a necessidade do outro.

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