Oniomania ou compra compulsiva é uma doença caracterizada por atos excessivos, incontroláveis, repetitivos e irresistíveis em comprar indiscriminadamente. O desejo é tão forte que faz com que o indivíduo obtenha um produto independentemente de sua necessidade, aliás, o intuito é apenas atender ao descontrole do impulso.
A compra compulsiva está no espectro do transtorno obsessivo-compulsivo, assim como comida, bebida, jogos, sexo, internet, não descartando a possibilidade do problema ser migratório.
O funcionamento é básico. Temos no cérebro uma área responsável pelo sistema de recompensa e que, quando acionada, proporciona uma agradável sensação de prazer imediato. Algumas pessoas têm essas áreas mais sensíveis ou mais estimuladas e consequentemente estão mais vulneráveis.
Indivíduos com esse transtorno são dominados pela vontade de comprar de forma tão incontrolável que, muitas vezes, eles não escolhem nem o objeto de desejo, simplesmente compram coisas que nem irão usar, como roupas que ficam guardadas com a etiqueta e sapatos com número deferente do que calçam. Mas em seguida vem a culpa, o arrependimento e até a vergonha. Sentem-se deprimidos e impotentes diante do impulso que o controla.
Estudos recentes indicam maior prevalência da oniomania em mulheres e estima-se algo em torno de 2% a 8% da população em geral, sem vinculação à classe social da pessoa.
Algumas características desse transtorno são:
– Sensação de euforia e bem estar no ato de compra
– Perda de controle sobre o ato de comprar
– Aumento progressivo do volume de compras
– Tentativas frustradas de reduzir ou controlar o impulso
– Mentiras para encobrir o descontrole com compras
– Prejuízos nos âmbitos social, profissional e familiar
– Gastos que superam três vezes ou mais o ganho mensal
– Dívidas
– Compra de objetos duplicados
– Angústia após efetuar as compras.
A diferença da oniomania para o consumismo é que no segundo não há propriamente um descontrole e sim um consumo excessivo e supérfluo.
Consumir em exagero pode estar associado a vaidade, a competitividade (o amigo tem eu também quero um igual ou melhor), ao exibicionismo, para atenuar a insegurança ou para encobrir um estado de profunda tristeza ou infelicidade. O “Pai da Psicanálise”, Sigmund Freud, apontou que, basicamente, o ser humano busca o prazer para evita a dor. E é aí que mora o perigo.
O consumismo é muito mais fonte de infelicidade do que de felicidade. O prazer é efêmero e em seguida vem a necessidade de comprar mais – um buraco sem fundo. Além disso, ele desperta inveja, cobiça, disputa e comparação, sentimentos que são opostos à proposta de felicidade.
Não é à toa que há muitas pessoas extremamente consumistas que continuam insatisfeitas e infelizes. Ao passo que outras, desapegadas da necessidade de comprar, desfrutam um constante estado de paz e plenitude.
Nada mais apropriado que a citação de Schopenhauer: “A nossa felicidade depende muito mais do que temos em nossa cabeça, do que nos nossos bolsos”.