Desejo sexual hipoativo

20/07/2016 às 18:52.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:23

O baixo nível do desejo sexual inclui causas isoladas ou associadas que podem surgir a partir de fatores biológicos ou psicológicos. É preciso fazer uma minuciosa investigação, desde os níveis hormonais até doenças correlatas, uso de medicação interferente – que tem como efeito colateral a queda de libido, hábitos, comportamentos, etc. As questões emocionais também precisam ser igualmente verificadas. É importante avaliar a qualidade da autoestima, o tipo de educação recebida – permissiva, rígida, repressiva, convicções religiosas, traumas, mágoas e ressentimentos em relação ao parceiro(a), problema situacional como dificuldade financeira, excesso de trabalho, desgaste causado pela rotina de relacionamento longo, etc. 

Cada um traz consigo um universo de interações bio-psico-social únicas e distintas, que devem ser tratadas de forma individual. 

O conceito do Transtorno do Desejo Sexual foi recentemente reformulado pela pesquisadora canadense Rosemary Basson em sua ampla pesquisa sobre o tema. Segundo ela, entende-se por Transtorno do Desejo a ausência ou diminuição do interesse ou do desejo sexual. Ausência de pensamentos ou fantasias sexuais. Falta de desejo em resposta aos estímulos eróticos. A motivação para tentar se excitar sexualmente é mínima ou inexistente. A falta de interesse é considerada mais intensa do que a esperada para o avançar da idade. O desejo é muito menor do que o observado em relacionamentos com a mesma duração. 

Muitos confundem o desejo sexual hipoativo com a assexualidade, porém há diferenças. No segundo, inexiste disposição libidinal, já no primeiro, há um interesse, ainda que mínimo. 

Podemos classificar a disfunção do desejo sexual como primária – quando sempre ocorreu; secundária – quando foi adquirida ao longo da vida; situacional – quando ocorre em determinadas situações ou com uma pessoa específica; e generalizada – quando há presença de todos os fatores anteriores. 

Pessoas com relacionamentos longos, reclamam da interferência da rotina no apetite sexual. Não há dúvidas de que esta é uma realidade significativa, sobretudo para as mulheres, que somam ao casamento, afazeres domésticos, maternidade e vida profissional. Nesse caso é comum haver a queda do desejo espontâneo, aquele que acontece de forma involuntária, instintiva e natural, ficando somente o desejo responsivo, aquele que nasce a partir de um estímulo (ainda assim o cansaço poderá engoli-lo). 

O problema se dá quando há incompatibilidade de apetite sexual na relação a dois – um quer muito, o outro quer pouco. Esse desencontro pode gerar conflito e pode até culminar em separação. Aquele que sente mais vontade, convive com a sensação de estar sendo rejeitado pelo parceiro(a). Já quem sente baixo desejo sexual, esforça-se para agradar o outro praticando mais do que gostaria. Ambos seguem insatisfeitos. 

É importante ressaltar que há tratamento para a disfunção sexual, desde que haja, de fato, uma desordem. Muitas vezes busca-se um diagnóstico enquanto, na verdade, é apenas preciso respeitar a natureza instintiva individual, que é diferente em cada um. 

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