Dificuldade em conter os impulsos

24/01/2018 às 17:43.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:56

De maneira simplificada, podemos definir compulsão como um impulso interno irresistível que leva o indivíduo a realizar determinado ato ou a se comportar de determinada maneira, mesmo contra sua vontade. São episódios recorrentes e incontroláveis onde, na maioria das vezes, não há um êxito em frear os impulsos.

A obsessão precede a compulsão. A “obsessão” são pensamentos fixos e repetitivos, como um disco arranhado. O indivíduo não tem paz. Vira escravo da própria mente. Por exemplo: na compulsão alimentar, a pessoa fica o tempo todo pensando em comida. À partir daí nasce uma grande ansiedade para comer. Já a “compulsão” é a execução do ato que vem seguida de prazer e alivio da ansiedade. Mas logo em seguida vem a culpa.

A repetição do comportamento seguido do aumento gradual, gera um quadro clássico de dependência. Eis a forte semelhança entre a compulsão e a dependência química: ambas geram os mesmos sintomas emocionais da abstinência–angustia que deriva da falta e o caráter repetitivo e irresistível.

A compulsão é como uma coceira que você não consegue deixar de coçar; mas se coça, ela fica muito pior. Aos poucos, vai tomando conta da vida da pessoa.

Alguns tipos:

–Compulsão alimentar: o comedor compulsivo come excessivamente mesmo sem estar com fome; não pára de comer mesmo quando já não está aguentando, consome grande quantidade de comida num curto espaço de tempo. Prazer e arrependimento ocorrem de forma imediata ao ato.
–Compulsão por compras: é importante estabelecer a diferença entre o comprador impulsivo e compulsivo. O primeiro age por impulso, mas ao tomar consciência consegue controlar seu comportamento. Já o outro não consegue frear o desejo. Mesmo sabendo que não pode, não deve, não precisa, que está endividado, a compulsão fala mais alto.
–Compulsão cibernética: pode ser observada pela dificuldade em se afastar dos dispositivos tecnológicos. A dependência pode atingir níveis tão avançados a ponto do indivíduo sacrificar horas de sono, comprometer relações familiares, afetivas, sociais e ainda assim não conseguir controlar o uso.
– Compulsão sexual: impulso intenso e sem controle (sexo, masturbação, pornografia). O compulsivo investe muito tempo e energia em sexo mesmo sabendo que está se prejudicando. Sem conseguir frear, coloca em risco a vida pessoal e profissional.
–Compulsão por jogos: não raramente jogadores compulsivos tornam-se inconsequentes, gastando bens da família e contraindo dívidas impagáveis.
–Compulsão por atividade física: o compulsivo pelo corpo perfeito tem uma distorção da própria imagem, com isso, desenvolve fixação em obter mais musculatura, mantém uma pratica exaustiva de exercício e faz uso de substancias, muitas vezes ilícitas.
Não precisa nem dizer o quanto o “caminho de ida” é fácil, posto que, ao menos na primeira fase, tudo é muito prazeroso e se tem a ilusão de que há controle da situação. Os prejuízos só aparecem mais tarde, quando o “caminho de volta” é difícil demais.

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